sexta-feira, 15 de maio de 2015

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Pedro: Como "em lugar nenhum"? - Ele se virou pra ela

Karina: Esse casamento vai ser mesmo uma farsa. - Ela juntou o máximo de dignidade que tinha - Então eu não quero lua-de-mel. - Ergueu o rosto.

Pedro: Ficaremos em casa, então. - Ele riu, debochado - Mas que fique claro que isso não muda nada. - Ele se aproximou dela - Será minha mulher, Karina, e eu digo isso em todos os sentidos. - Ele tocou a bochecha dela com os polegares, fazendo-a prender a respiração.

O dia do casamento chegou, e Karina estava uma pilha de nervos. Seu vestido era o mais lindo que já vira. Mas a ideia de ir pra cama com Pedro a noite a apavorava. Ela ficou a manhã toda se arrumando, o casamento seria as 19:00. Karina acordou cedo, Bette cuidou dela o dia inteiro.

Ficou sabendo por Bianca que Cobra tinha ido passar uns tempos com Jade na França, e que ela e João viajariam após a cerimônia, deixando a mansão vazia pra lua-de-mel dos dois. Karina estremeceu ao sentir a ultima laçada de seu vestido ser dada. Logo Gael foi buscá-la. Karina tremia quando entrou na igreja, a cidade inteira estava lá.

Padre: Pedro Ramos, você aceita Karina Duarte como sua legitima esposa, prometendo ama-la e respeita-la, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da sua vida, até que a morte os separe?

Pedro: Sim. - Respondeu frio, se lembrando de alguma cena a anos atrás.

Padre: Karina Duarte, você aceita Pedro Ramos prometendo ama-lo e respeita-lo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, por todos os dias da sua vida, até que a morte os separe?

Karina travou. Se dissesse "sim", estaria perdida. Se respondesse "não", seu pai a mataria, e ela se exporia a toda a cidade. Mas como dizer "sim" ao homem que mais lhe apavorava?

Pedro: Não vai adiantar. - Sussurrou com a voz falsamente doce no ouvido dela - Não há saída, Karina. - Ameaçou

Karina: Eu aceito. - Murmurou, e se ouviram vários suspiros aliviados atrás dela. Pedro sorriu, e duas lágrimas se juntaram ao suor dela enquanto sentia a pesada aliança deslizar pelo seu anelar esquerdo.

Padre: Pelo poder investido em mim, eu vos declaro Marido e Mulher. - Fez o sinal da cruz - O que Deus uniu, o homem não separa.

Pedro: Eu tenho um presente pra você, ma petit. - Disse se aproximando dela, com um sorriso de canto, no salão de festas lotado.

Pedro abriu a caixinha de veludo. Era uma gargantilha de prata, reconheceu Karina, com a palavra "sempre", escrita na parte interior. Parecia uma coleira. Tinha uma longa corrente que deslizava pelas costas até a cintura. A maxilar de Karina trancou de raiva. Era linda, mas ainda assim era uma coleira.

Pedro: Será assim. Sempre que for elogiosa, inteligente, como hoje, será banhada de joias e presentes. - Ele beijou o pescoço dela após fechar a coleira, fazendo-a se arrepiar - Quando for do contrário... ganhará problemas. - Ele sorriu, se afastando

A festa se arrastou pela madrugada. Karina retardou a partida o máximo possível. Mas chegou a hora de ir. Bette abençoou Karina, que foi embora, só com o seu vestido de noiva. No meio do caminho descobriu que não sabia onde era a mansão Jonas. Pedro estava distraído olhando pela janela. Meia hora depois Karina sentiu a carruagem parar, e estremeceu. A mansão era imperial, parecia ter 3 andares. Seu interior era claro, bem iluminado, tinha a decoração luxuosa. Poltronas, sofás, tapeçarias.
Pedro levou Karina a todas as salas, todos os cômodos. Quando estavam saindo de um quarto de hospedes, Karina viu uma sombra pequena se afastar apressadamente, saltitando.

Karina: Quem é ela? - Perguntou, intrigada. Não sabia da existência de uma mulher, de uma menina na mansão.

Pedro: Antonia. - Chamou em voz baixa, mas Karina ouviu os passinhos apressados cessarem. Um tempo depois, a pequena menina apareceu.

Antonia: Sim? - Respondeu, timidamente.

Era uma menina pequena, tinha o cabelo longo, mal-cuidado, se vestia com roupinha simples, mas ainda assim tinha as feições finas, como as de Pedro e João.

Pedro: O que eu disse sobre sair do quarto? - Perguntou, secamente

Antônia: Cobra me disse que eu poderia sair se precisasse. - Se defendeu

Pedro: Cobra está aqui? - Perguntou agora ameaçador.

Mas Karina estava encantada com a pequena menina.

Karina: Olá, pequena estranha. - Avançou um passo na direção de Antônia, sorrindo. A enorme calda do seu vestido de noiva se arrastou pelo chão.

Antônia: Olá, grande estranha. - Correspondeu o sorriso

Pedro olhava a cena incrédulo, como se aquilo lhe causasse nojo.

Pedro: Vá para o seu quarto. Logo eu estarei lá. - Mandou, friamente.

Karina viu Antônia estremecer, acenar pra ela e sair. Logo Pedro se virou pra ela.

Pedro: Eu imagino que você queira ficar sozinha antes de... - Ele passou a mão no cabelo, confuso. Esse não era o Pedro calculista, era um que falava sem pensar. - Bom, esse é o nosso quarto. - Apontou pra porta atrás de Karina - De qualquer forma, eu já volto. - Disse, e Karina podia jurar que o viu ruborizar antes de partir.

Karina: Perdida... Perdida... - Murmurava dentro do quarto, andando de um lado pro outro.

O quarto era enorme. Tinha uma linda cama, com dorsel, em um colchão que parecia absurdamente confortável. Karina estava despencando de cansada, mas não trocou o vestido de noiva, aliás, nem sabia o que ia vestir. Estava presa em sua desolação, quando ouviu outro murmúrio, vindo do corredor.

XXXX: Tão pequena... Ah, Deus... - Lamentou, passando pela porta do quarto de Karina

Karina: O que houve? - Perguntou, aparecendo da porta.

XXXX: Ah, senhora. - Sussurrou - O senhor viu a menina Antônia no corredor. Ela o desobedeceu. Ah, Deus. - Lamentou-se de novo

Karina: Ele não ficou muito contente. - Falou, ainda sem entender.

XXXX: Ah, ele vai castiga-la, senhora. - Disse pesarosa e triste.

Nesse momento, se ouviu um gritinho fino vindo do outro corredor. Karina franziu cenho. Pedro estava... batendo na menina? Antes que pudesse pensar, Karina segurou a barra do vestido e disparou correndo. O quarto de onde vinham os gritos era longe, e seu vestido era incomodamente pesado. Ela chegou a fonte dos gritos, e invadiu o quarto. Antônia jazia encolhida num canto, e Pedro acertava ela com algo que lembrava um cinto, a expressão dura no rosto.

Karina: PÁRA! - Gritou, segurando o braço dele com as duas mãos. Antônia tinha os braços na frente do rosto, defensivamente, chorando e tremendo. Várias marcas vermelhas começavam a aparecer nos braços e ombro da menina.

Mas Pedro não parou.

Karina: PEDRO, PÁRA! - Ela se jogou na frente da menina, tapando-a com seu corpo, recebendo um golpe que não pode ser refreado - MONSTRO! VOCÊ NÃO É HUMANO! - Gritou encarando-o, antes de abraçar Antônia. Pedro tinha a expressão vazia, fria.

Karina: Tá tudo bem, minha pequena. - Não sabia porque, mas se afeiçoou a aquele bolinho que a abraçava fortemente - Ele não vai mais voltar. - Acariciou os cabelos da menina

Antônia: O-obrigado. - Murmurou, soltando Karina, esfregando o olhinho com as costas da mão - Cobra não teria deixado. - Resmungou, subindo na cama.




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