terça-feira, 29 de setembro de 2015

22



Musica da Cena: Como Voy a Odiarte - Sin Bandera

Chegaram ao baile normalmente. Alguns fotógrafos de jornais estavam lá, deixando nuvens de fumaça a cada foto que tiravam. Os Ramos entraram normalmente. Era um lugar com o teto alto, bem iluminado. Havia um enorme salão no meio, livre, e em volta várias mesas. Pedro, João e Cobra cumprimentaram várias pessoas. Karina se envaideceu por os amigos de Pedro o elogiarem pela bela mulher que tinha. Ela apenas sorria, e fazia uma cortesia com a cabeça, agradecendo. Pedro não parecia gostar nada disso.

Pedro: Quer parar de se exibir? - Murmurou pra ela quando chegaram a uma mesa que tinha o nome deles em um cartãozinho

Karina: Não estou me exibindo, amor. - Respondeu, lhe dando um sorriso estonteante em resposta.

Guardas o que fica lentamente
Nos olhamos frente a frente
Fixamente e sem falar ♫

Pedro rosnou baixo, enquanto puxava uma cadeira pra ela se sentar. Seria uma longa noite. Logo um garçom veio, atende-los. Bianca e Tomtom ficaram com um copo de água, Pedro, João, Cobra com champanhe. Karina ficou com o champanhe e um cigarro. Logo Pedro, João e Cobra se espalharam pelo salão, conversando com conhecidos.

Tomtom: Isso fede. - Se queixou do cigarro que Karina tinha delicadamente entre os dedos, minutos depois dos homens se afastarem. Karina sorriu.

Bianca: Você nunca fumou, qual o problema agora? - Perguntou, observando a irmã. Karina não respondeu. - Eu preciso ir ao toallete. - Concluiu, com a expressão confusa. Karina riu. Bianca, depois de uma certa etapa da gestação, passou a ir ao banheiro com muito mais frequência
 que antes.

Karina: Vamos, eu acompanho você. - Sorriu gentilmente se levantando.

Faço as perguntas de rotina
Outro amor que avizinha
E nosso amor por terminar ♫

Karina, Bianca e Tomtom atravessaram o salão, em direção ao que lhe informaram ser o banheiro. Ao saírem de lá, se bateram com umas amigas de Bianca e Karina.

Bianca: Angel! - Chamou, sorridente

Angel: Ora, Bianca! - Sorriu ao chamado da amiga - Karla, vem aqui!

Angel era magrinha e loura. Já Karla era mais cheia que Bianca, e tinha os cabelos negros. Ambas se aproximaram, sorrindo. Logo Bianca trançou as duas em uma conversa animada.

Karla: Não vai nos apresentar a sua amiga,Bianca? - Perguntou, tímida, vendo Karina de perfil, abaixada ajudando Tomtom com o vestido

Karina: Quem? Eu? - Se virou e sorriu, deliciada.

Angel e Karla: Karina! - Chamaram boquiabertas

Do outro lado do salão, Pedro, João e Cobra conversavam com um grupo de homens, civilizadamente. Alguns casais rodopiavam elegantemente pelo salão.

Dérick: Pelo visto, a sua Bianca logo lhe dará um herdeiro. - João assentiu feliz - Meus parabéns!

João: Obrigado. - Agradeceu orgulhoso.

Eddy: Há tempos eu não vejo um baile tão bonito. Vejam, um exemplo, aquela loura ali, conversando com a sua Karla, Jack! - Jack aguçou a visão pra olhar - A de preto. - Pedro ergueu a sobrancelha, virando o rosto levemente. Jack assentiu - Há anos eu não vejo uma tão formosa. - Elogiou.

Pedro: Minha esposa. - Observou, sorrindo debochado.

Dérick: Aquela é Karina? - Perguntou, abismado.

Pergunto se fui eu ou a distância
Se são os tempos que mudam
E se pode ser melhor ♫

Me disse que não existem os culpados
E que nunca vai odiar-te, por favor ♫

Karla: E essa é? - Perguntou, olhando Tomtom

Karina: Minha cunhada. Antonia, Karla. - Tomtom cumprimentou Karla educadamente. Karina sorriu com isso.

Angel: Seu marido te olha de um jeito estranho. - Disse, olhando Pedro disfarçadamente - É tão...possessivo. Me dá arrepios. - Concluiu. Karina sorriu, inclinando a cabeça pra trás e soltando uma pequena nuvem de fumaça pela boca.

Como vou a odiar-te, mulher?
Nem te atrevas a dizer-lo.
Se você me ensinou a poder,
Um amor em meu destino ♫

Jack: Com todo o respeito, você ganhou na loteria, amigo. (Não me pergunte se existia loteria naquele tempo UU') - Observou, olhando Karina

Eddy: É verdade. Muito bela, a sua Karina. - Disse, agora com muito mais respeito

Cobra: Ela é única. - Observou o vulto preto do outro lado do salão

Pedro olhou Cobra, depois voltou a olhar Karina. Que diabo, porque ela colocara aquele vestido? Ele lhe dera tantos. Provocação, pura e deslavada. Mas estava linda. Enquanto ele a observava, Karina virou o rosto delicadamente, e o encarou por um instante. Depois, com um sorriso no canto do rosto, se voltou as amigas.

Pedro: Com licença. - Pediu educadamente e saiu, atrás da mulher.

Se você me ensinou a querer
Como velho, como menino
Como vou a odiar-te, mulher?
Isso não posso fazer ♫

Karla: Me daria medo, se fosse meu marido. Jack é completamente diferente, ele nunca me olhou desse jeito. - Garantiu. Karina deu de ombros, indiferente.

Bianca: Ka, ele está vindo. - Avisou quando viu Pedro sair do grupo de amigos onde estava e encaminhar-se, despreocupadamente até elas.

Angel: Como você consegue ser tão indiferente? - Perguntou alerta pela aproximação de Pedro

Karina: A convivência o torna rotineiro. - Disse, dando uma ultima tragada no cigarro.

Não sei que aconteceu exatamente
Só sei que de repente
Tudo começou a falhar ♫

Pedro: Dança comigo? - Murmurou, parando-se atrás dela e estendendo a mão, com o rosto virado pro lado, observando-a.

Karina: Com o maior prazer. - Disse antes de sorrir e jogar o cigarro acabado numa lixeira próxima, dando a mão a ele - Com licença, meninas.

Pedro enlaçou os dedos dentre os delicados dela, e levou-a até o meio do salão. Chegando lá, ela parou em sua frente. Pôs uma mão no ombro dele, e outra em sua cintura. As duas mãos dele pousaram na cintura perfeitamente definida dela.
Pedro era um queixo mais alto que ela, por isso ela apoiou o rosto em seu ombro, enquanto começavam a embalar no ritmo da musica. (A musica é a mesma da cena. NÃO ME PERGUNTE SE SIN BANDERA JÁ EXISTIA UU')

Não faço muito mais por deter te
Faz tempo que se sente
Que não posso te parar ♫

Pedro: Todos comentaram como você é perfeita. - Começou, um tempo depois, com a boca colada no ouvido dela - Elogiam a sua beleza. Ressaltam suas qualidades. Como se eu não soubesse.

Karina: Isso te incomoda? - Perguntou, perdida nos braços dele. "Idiota", se condenava o tempo todo, mas era ali que queria estar. Aquele lugar lhe pertencia.

Pedro: Não gosto que cobicem o que é meu. - Concluiu, abaixando o rosto, encostando os lábios firmemente no ombro nu dela.

Karina: Sinto desfazer o seu castelo de areia, porém, tudo que é seu é cobiçado. Sua fortuna, sua mansão, seus bens. Tudo. - Respondeu, se aninhando no abraço dele, enquanto os dois continuavam a se mover lentamente pros lados.

Pedro: Eu não ligo pra tudo isso. Mas você não. Você eu não admito.

Pergunto se fui eu ou a distância
Se são os tempos que mudam
E se pode ser melhor ♫

Karina: O que vai fazer? - Perguntou, provocando - Pegar um alfinete, e sair furando, um por um, cada par de olhos que parar em mim?

Pedro: Já pensei nessa possibilidade. - Aceitou a provocação - Minha vontade é tirar você daqui, agora. Te levar pra um lugar onde só eu possa te ver. Onde só eu possa te ter. - Ele passou os lábios entreabertos na pele de marfim dela, e sorriu ao vê-la se arrepiar.

Me disse que não existem os culpados
E que nunca vou a odiar te por favor ♫

Karina: Prepotente. É isso que você é. Prepotente. Porém, não aceita a concorrência. - Alfinetou

Pedro: Não existe concorrência. - Respondeu duro - Sim, eu sou prepotente. Mas é assim que você me ama. - Concluiu com um sorriso satisfeito no rosto

Karina: Idiota. - Murmurou antes de dar um murro leve no peito dele, se afastando.

E como vou a odiar-te, mulher?
Se era tudo o que tenho
Se ja não posso te perder
Porque vive aqui dentro ♫

Pedro: Não! - Ele a segurou de novo - Sem brigas. Não me deixe. - Implorou, com um sorriso irresistível no rosto. Karina ergueu a sobrancelha, considerando a ideia, e depois voltou pros braços dele.

Karina: Calado. - Impôs. Pedro riu, mas aceitou.

Como se te ocorre crer
Que vou deixar de amar-te
Como vou a odiar-te, mulher?
Isso não o posso fazer ♫

E foi como ela quis. Eles não se atiçaram mais durante aquela musica. Só se sentiam. Ela acariciava a nuca dele com a mão que estava em seu ombro, e se abrumava no peito do marido. Ele acariciava o rosto e o ombro dela com os lábios, delicadamente. Até que a musica acabou.

Karina: Obrigado pela dança. - Agradeceu, se soltando dele.

Pedro: Disponha. - Respondeu no mesmo tom dela, vendo-a sorrir e se afastar.


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Creditos Samilla Dias


domingo, 13 de setembro de 2015

21


Os dias foram se passando, torturantemente calmos. Bianca estava com um barrigão enorme. Karina e Cobra, apesar da mudança radical dela, continuavam apaixonados. Pedro continuava abatido, e Karina não colaborava pra uma melhora.

João: Um baile. - Anunciou, lendo o fino convite

Pedro: Definitivamente não.

João: Convidado por sua excelência, o governador. - Terminou, erguendo os olhos pra Pedro - Definitivamente sim.

Bianca: Um baile? *-* - Sorriu, se abraçando ao marido

João: Um baile. - Confirmou, sorrindo pra esposa, antes de lhe beijar a testa.

Cobra: Quando?

João: Daqui a 15 dias. - Confirmou, olhando o convite novamente

Karina: Definitivamente, estaremos lá, não é, querido? - Perguntou se debruçando nas costas da poltrona onde Pedro estava, fazendo-o erguer o rosto pra olha-la.

Pedro: É, estaremos. - Suspirou, vencido

Karina sorriu, pensativa, enquanto se inclinava e selava os lábios com os dele, friamente. Em seguida se afastou, ainda com a expressão longe. Foi quando se bateu com Rosa no corredor.

Karina: Rosa! - Chamou, voltando pra mulher - Preciso que faça uma coisa pra mim.

Rosa: Claro, senhora. - Assentiu

Karina: Vá ao terceiro andar. Existem dois manequins lá em cima. Há dois vestidos nesses manequins: Um vermelho e um preto. Pegue o preto, lave-o ao máximo que puder sem prejudicá-lo. Quero-o perfeito pra daqui a 15 dias. - Concluiu, com um sorriso malicioso no rosto.

Rosa: Mas, senhora, o senhor Pedro proibiu que qualquer um fosse lá em cima. - Contestou temerosa.

Karina: E agora a mulher dele está mandando que você vá até lá. Eu preciso daquele vestido. Ele não saberá que foi você que o fez, eu prometo. - Garantiu

Rosa: Mas... - Interrompida

Karina: É uma ordem. - Disse, dura. A mulher, atônita, assentiu e saiu, deixando Karina com um sorriso malicioso no olhar.

Os próximos 15 dias, como é de se esperar, passaram tranquilamente. Bianca estava um poço de empolgação com o baile. Como sua barriga estava enorme, ela não achou nenhum vestido que lhe agradasse. João, prontamente, chamou a costureira e lhe deu ordens de que obedecessem as vontades da esposa. Bianca mandou fazer um vestido cor de champanhe, lindo. Quando Pedro lhe perguntou o que vestiria, Karina respondeu, gentilmente, que já tinha o seu vestido. Quando a noite do baile chegou, Pedro e João se aprontaram em outro quarto, para dar privacidade as suas mulheres.

Rosa: Senhora? - Perguntou, entrando no quarto de Karina. Essa esperava, só com as roupas de baixo, e terminando de aprontar o cabelo. - Aqui está o vestido. - Disse, tirando a capa branca do vestido.

Karina se virou pra olhar. O vestido estava como novo. Era um tomara-que-caia, negro como breu. Karina foi até Rosa, pegou o vestido e cheirou levemente. Tinha cheiro dos produtos que usaram para lava-lo. Ótimo, a ultima coisa que queria no corpo era o perfume de Vicki. Rosa ajudou com o corpete, amarrando-o super apertado, como a patroa mandou, e assustada por Karina não se queixar de dor. Quando terminou, Karina estava perfeita. Sua pele pálida entrou em contraste com o vestido. Sua cintura estava definida, apertada, porém, linda. O corpo de Karina estava de dar inveja a qualquer um. Os seios fartos, quadril definido, e o rosto de anjo. Era cruel perto das outras mulheres. Karina colocou a coleira que Pedro lhe deu no dia do casamento, por fim, ficou luxuoso. Pôs um tamanco preto, com um salto agulha enorme, e estava pronta. Rosa lhe avisou que já a esperavam na sala. Ela se demorou mais um pouco, pra irritar Pedro. Perfumou-se, conferiu o penteado, e então foi.

Pedro: Que diabo. - Resmungou, após 15 minutos esperando Karina. Cobra estava com Tomtom no colo, ajeitando seu cabelo. Bianca jazia aos carinhos com João, que lhe acariciava a barriga. - ROSA! - Berrou, e a mulher apareceu - Vá apressar Karina. - Rosa assentiu e ia saindo

Karina: Não é necessário, eu estou aqui. - Disse entrando na sala.

Cobra se admirou, Karina parecia uma escultura feita por anjos, e retocada por um demônio. Era angelical a cor de seus cabelos, a expressão do rosto. Os demônios se ocuparam fazendo as curvas generosas de seu corpo, e colocando a malicia dentro daquele azul no olhar dela. Pedro olhava a mulher com os olhos arregalados, a sobrancelha franzida e a maxilar trancada. Em sua cabeça, outra cena pairava.

FLASHBACK DE PEDRO

Pedro: Vicki? - Chamou, entrando no quarto da mulher, na pensão onde morava - Vicki, você está aqui?

Vicki: Porque não estaria? - Murmurou, aparecendo atrás dele, fazendo-o se arrepiar com o hálito dela em seu ouvido.

Pedro: Isso... - Ele se recuperou - Isto é para você. - Disse, estendendo a caixa que tinha nas mãos

Vicki saltitou radiante até o presente, e abriu a caixa. O vestido negro escurecia seu interior. Pedro viu o brilho que percorreu no olhar dela.

Vicki: D-deve ter custado uma fortuna. - Disse, envaidecida, moldando o vestido no corpo

Pedro: Você vale por esse dinheiro. - Disse, sorrindo - Quero que o use hoje a noite. Virá ao baile comigo. - Vicki arregalou os olhos, radiante pela surpresa, e se atirou nos braços dele depois de deixar o vestido em cima da cama, beijando-o com fervor.

FIM DO FLASHBACK

Pedro se negou ao resto da lembrança. Neste dia, Delma brigou com Vicki no baile. Foi um escândalo. Pedro, tomando o partido da amada, pôs-se contra a mãe. Marcelo, tomou o partido da mulher. Resultou num pega pra capar daqueles.

Karina: Pensei que fosse gostar querido, guardou-o com tanto apreço. - Respondeu fria, e com um olhar vingativo se aproximou do marido

João: Er... vamos? Está na hora. - Chamou, prevendo a briga que ia nascer ali.

Karina: Vamos, meu amor. - Disse, maliciosa, dando o braço a Pedro. Esse engoliu o que tinha pra dizer e a acompanhou. Mas se ela estava pensando que isso tinha terminado ali, ah, ela estava redondamente enganada.


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Creditos Samilla Dias

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

20

Cobra: Pensei que não viesse mais aqui. – Sorriu, ao entrar no chalé e vê-la lá.

Karina: Eu gosto daqui. – Sorriu de canto, olhando o lugar

Cobra: Você gostava do Seth. – Observou, sentando-se perto dela. Karina não respondeu. – Tenho medo de que não goste mais de mim também. – Admitiu, encarando-a.

Karina: É diferente. – Ela sorriu, acariciando o rosto dele – Eu ainda gosto do Seth, gosto muito, foi o melhor presente que eu já recebi. – Cobra sorriu de canto – E eu amo você. É mais que gostar. – Passou o dedo na ponta do nariz dele.

Era a primeira vez que um deles dois admitia esse amor assim, com todas as palavras. Os olhos de Cobra arderam de alivio. Karina ainda estava ali. Oculta por uma camada de gelo, mas ainda era ela. Ela se inclinou e, ainda com a mão no rosto dele, o beijou. Cobra não parecia tão frio agora. Foi como sempre: O beijo começa calmo, vai esquentando, e quanto a coisa vai fugindo de controle, os dois se afastam, aos risos.

Karina: Bobo. – Sussurrou com a testa colada a dele.

Cobra: Me diz. – Ele começou, olhando ela – O que está te amofinando aqui dentro? – Perguntou, tocando o cabelo dela, que continuava severamente preso.

Karina: Cobra, eu sei que não devia perguntar, mas é que eu preciso saber. – Ela hesitou, e Cobra esperou, paciente. – Quem foi Vicki?

Cobra levou Karina pra caminhar perto do chalé, enquanto procurava as palavras pra explicar.

Karina: E então? - Pressionou, olhando-o

Cobra: Bom, Ka. Como você já deve saber, Vicki foi uma namorada do Pedro, de adolescência. - Começou

Karina: Ele disse que tinha esperado por mim a vida toda. - Lembrou irônica

Cobra: E ele esperou. Toda uma vida. Mas por uma vez, uma única vez, ele desistiu de você. - Explicou - Nós andávamos em festas, bailes. Quando se é um Ramos as portas se abrem pra você. Isso subiu a cabeça de Pedro. Era um adolescente insuportável. O preferido do nosso pai é claro. Tinha noitadas, bebia, se drogava. Em uma dessas noites conheceu Vicki.

Karina ouvia atentamente, montando a cena em sua cabeça. Pedro jovem, mas ainda com a mesma prepotência, e Vicki, em sua feminilidade exagerada.

Cobra: Uma prostituta, Ka. - Karina cerrou a sobrancelha. Essa ela não esperava - Sim. Conheceu-a em um bordel. Pedro se apaixonou por ela. Era toda risos e cortesias. O problema é que havia você. Ele era seu, por anos. - Karina assentiu - Essa mansão virou um pandemônio. Pela primeira vez Pedro se virou contra o nosso pai. Fazia João de pombo-correio. Deu certo, até que João se rebelou e se negou a ir. Mais brigas, mais discursões, e o nosso pai proibiu Pedro de ver ela. Então, ele resolveu fugir. - Disse, relembrando - Pegou pouca roupa, o dinheiro que tinha, e foi embora. Levou-a. Só que a mãe dele descobriu no dia, papai não estava aqui. Delma ficou descontrolada. Pegou um cavalo e seguiu o rastro dele sozinha. Encontrou-o aos arredores de Port Angeles. Bom, dessa parte eu não sei direito, eu não estava lá. Eu e João fomos atrás dela assim que mandamos avisar ao nosso pai, mas era tarde, e ela havia sumido.

Karina hesitou. Ela vira no jornal, foi justamente em Port Angeles que estava noticiado a morte de Delma e Vicki.


Cobra: Quando eu e João os encontramos, não era tecnicamente nada. Era um precipício. Delma jazia morta na beirada do abismo. João verificou. Pedro estava desmaiado não muito longe. A carruagem onde ele e Vicki fugiram eram destroços lá embaixo.

Karina considerou a história. Pedro fugindo com Vicki, Delma atrás pra impedir. E de repente, só havia Pedro. Mas...como?

Cobra: Quando Pedro acordou, estava desnorteado. Perdera a mãe e a mulher em um único golpe. Demorou a se recuperar. E então, perdeu tudo. Ele era feliz, Ka. Tinha alegria, havia vida em seu rosto. Depois ficou assim, mais insuportável do que já era. Ele não se lembrava de muita coisa. Só que Delma chegou, queria que ele parasse, mas ele não o fez. E então ele apagou. Quando acordou, estava no hospital. Foram tempos difíceis, Ka. Ele se apaixonou por uma prostituta, enquanto você era dele. Papai não ia manchar seu nome desfazendo o trato pra que ele ficasse com Vicki. Eu mandei Jade pra longe, por mais que me doesse, assim que nós nos casamos. Ela é sensível, não lhe faria bem.

Karina: Obrigado por me contar. - Sorriu, abaixando a cabeça. Mesmo sendo doloroso, era melhor saber a verdade.

Cobra: Um dia, todo esse inferno vai passar, minha Ka. - Ele prometeu, abraçando ela pelo ombro - Haverá crianças correndo por essa mansão, e isso não será mais que um passado obscuro. - Karina sorriu com a ideia, e ele lhe beijou a testa.


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Creditos Samilla Dias

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

19


João: Agora escutem aqui, vocês dois. – Rosnou, raivoso, enquanto segurava Cobra, que mais uma vez tinha brigado com Pedro. Dessa vez João interferiu antes que os dois se embolassem, mas por pouco – Já chega dessa situação. Vocês se matarem não vai mudar o que já foi feito. Eu não quero ter que tomar medidas sérias em relação a isso. Vocês dois não são mais crianças. Entendidos? – Perguntou, sério, e ninguém ali teve coragem de desafiar a ira de João.

Juntos, Pedro, João, Bianca, Cobra, Tomtom e Théo terminaram de tomar café juntos. Théo, pra resumir, estava adorando ficar na casa de Pedro. Tinha Bianca, de quem ele gostava bastante, e era excitante assistir as brigas de Pedro e Cobra. Após tomar café rapidamente, Cobra preparou uma bandeja pra Karina e saiu da sala.

Cobra: Buon giorno. – Disse sorrindo, ao entrar no quarto da loura.

Karina: Molto bene. – Respondeu, sorrindo abertamente pra ele.

Cobra ajudou Karina a se sentar. Logo ela tomava café ao lado dele, e as vezes até conseguia rir.

Cobra: Eu vou precisar sair, tenho que resolver uns problemas. – O sorriso de Karina se fechou – Não fique assim. – Ele acariciou o rosto dela – Antes do almoço estarei de volta. – Sorriu torto, e Karina esqueceu do que estava reclamando.

Os dias foram se passando. O empregado que Cobra mandou a Alemanha voltou, trazendo uma caixa do creme que foi buscar.

Cobra: Olha o que eu trouxe. – Disse entrando com o pote com um gel transparente.

Karina: O que é isso? – Perguntou, olhando-o da cama

Cobra: Segredo. – Ele não queria dar a Karina a idéia de que ela possivelmente fosse ficar marcada. Só faria isso em ultima instancia.

Quando Cobra abriu o pote, um cheiro forte pairou pelo ar. Lembrava menta, hortelã, Karina não sabia direito, mas ardia no nariz. Karina cerrou os olhos quando Cobra abriu o feixe traseiro da camisola, deixando suas costas nuas.

Quando a mão dele, coberta pelo gel, tocou suas costas, ela esperou pela dor, mas ao invés disso o que veio foi alivio. Ela abriu os olhos devagar, ainda sentindo. A mão de Cobra era fria sobre sua pele, mas o próprio creme amortecia a dor.

Cobra: E então? – Perguntou olhando ela, ansioso – Dói?

Karina: Não. – Disse, sentindo o alivio que vinha das mãos dele – É bom. – Cobra sorriu.

Cobra: Ficará boa em breve, minha Selly. E voltará a correr feliz no seu cavalo, do jeito que eu gosto de te ver. – Karina sorriu, fechando os olhos.

O tempo continuou passando. Karina foi melhorando relativamente. Suas costas já estavam praticamente cicatrizadas. Só haviam umas marquinhas leves, que ao passar do tempo foram sumindo, graças ao empenho de Cobra. Pedro passava as noites velando seu sono, sem que ela soubesse. O médico voltou a visita-la, e recomendou que ela passasse um pouco do tempo deitada com a barriga pra cima, pra não prejudicar a pele, abafando-a todo o tempo. Era assim que Karina estava agora. A chuva, o vento e os trovões dançavam lá fora. Ela estava deitada de barriga pra cima, com os cabelos esparramados pelo travesseiro, e os braços ao lado do corpo. O quarto estava escuro, Cobra já havia ido dormir. Karina estava pensando sobre Pedro, sobre o que fizera com ela, sobre Vicki, sobre a adoração na voz dele quando chamava por ela. A injustiça era tão grande! Karina não tinha culpa, não pediu por esse casamento. E ainda, de brinde, Pedro quase mata ela por ter descoberto o maldito terceiro andar. O ódio tomou conta dela. E então uma dor diferente tomou ela. Era uma dor que cobria todo o seu corpo, desde as raízes do cabelo até os dedos dos pés. Uma dor semelhante a de um hematoma sendo pressionado. Karina ofegou, franzindo a sobrancelha.

Ainda de olhos fechados, flexionou a mão, mas descobriu que doía mais ainda. Passaram-se horas assim. Karina pensou que finalmente a morte tinha vindo lhe buscar, e teve ainda mais ódio. Que motivo idiota pra se morrer! Mas então, quando o dia foi amanhecendo, a dor foi passando, aos poucos. Karina abriu os olhos. Tudo parecia bem mais definido, agora que ela já tinha sua cabeça resolvida. Odiava Pedro. Ele iria pagar. O céu começava a se clarear, e ela se levantou. De onde arrumou forças, nem ela mesma sabia. Caminhou até o espelho. Se admirou de como estava. Antes teria se espantado, mas hoje se admirou. Seus cabelos não tinham mais um cacho. Eram apenas lisos, sem nenhuma volta, caindo pelas costas. Sua pele não tinha vida, era branca como a de um morto. Branca, como a de Pedro. Seus olhos eram de um azul frio, e era como se tivesse raspas de gelo por dentro. Porém, estava linda, pensou amargurada, consigo mesma.

João: Eu quero tomar café em paz. – Disse tentando acalmar a briga, mas a faca que estava em sua mão estava segurada em modo de ataque, como se ele fosse esfaquear alguém.

Karina: Bom dia. – Sorriu, fria, entrando na sala.

A primeira reação de todos foi o choque. Se não estivesse de pé, podiam considerar Karina morta, por sua cor. A segunda, foi o deleite. Ela prendera os cabelos em um coque apertado, onde nenhum fio se soltava. Usava um vestido cor de esmeralda.

Cobra: Selly, você não devia ter se levantado. – Repreendeu, ainda meio abobalhado.

Karina: Eu estou bem. – Sorriu. Sua voz também tinha mudado. Estava mais séria, mais grave – Bom dia. – Sorriu pra Pedro, e selou os lábios com os dele, em seguida indo pro seu lugar.

O café da manhã passou normalmente. Pela primeira vez em dias, Cobra e Pedro não brigaram mais, para satisfação de João.

Pedro: Karina? – Chamou, entrando no quarto

Karina: Sim? – Respondeu naturalmente, se virando pra ele.

Pedro: Você... – Ele observou-a por um momento – Você precisa de alguma coisa?

Karina: Porque precisaria? – Respondeu, dura. Ele assentiu, observou ela por uns segundos e saiu. Karina achou que ele parecia abatido, mas não deu atenção. Ele não merecia.

-

Cobra: Selly? – Chamou, entrando na sala. Karina ergueu os olhos pra ele. – Tudo bem?

Karina: Tudo. – Cobra continuou encarando-a. Ela riu – O que foi?

Cobra: Você está estranha, pra ser resumido. – Ele avaliou ela

Karina: Não é nada, só me sinto bem. – Sorriu de canto pra ele.

Cobra: Posso ajudar em alguma coisa?

Karina: Cobra! – Repreendeu, aos risos, o olhar investigador dele – Eu estou bem. Fique tranquilo.

Os dias foram passando. Karina não voltou a montar em Seth. Não sentia vontade. Ela e Pedro agora mantinham um relacionamento estranho, receoso da parte dele, e forçadamente agradável da parte dela. Pedro sentia remorso cada vez que olhava pra ela. Que diabo, o que havia feito com a Karina alegre e inocente?

Pedro: Karina? – Perguntou, mais uma vez entrando no quarto dos dois, onde ela terminava de prender os cabelos.

Karina: Sim? – Perguntou, indiferente

Pedro: Isso é seu. – Ele disse, e Karina viu a grande caixa nas mãos dele

Karina: Acha realmente que presentes vão resolver? – Perguntou, dura.

Pedro: Não é um presente. Se fosse, eu diria “isso é para você”. Mas isso é seu. – Ele pôs a caixa branca em cima da cama, saindo.

Karina observou Pedro sair com o olhar frio. Depois, a curiosidade lhe venceu. Se levantou e foi, sem emoção alguma, até a caixa. Tirou a tampa, pondo-a de lado, desdobrou o papel. Seu choque foi tão grande que suas mãos tremeram. Ela conhecia aquelas rendas. Puxou o vestido de dentro da caixa, e lá estava ele. Seu vestido de noiva. Intacto, como se nunca tivesse sido rasgado. Ela olhou, e a costura estava perfeita. As rendas pareciam nunca ter sido tocadas. Karina estremeceu. Sentia vontade, mas não chorou. Seus novos olhos se recusaram a lacrimejar. Ela ergueu o rosto, respirou fundo, colocou o vestido com todo o cuidado dentro da caixa novamente e o guardou.


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Creditos Samilla Dias

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

18


Tomtom: Agora já chega. - Disse decidida, entrando na sala que Pedro estava olhando papéis - ONDE ELA ESTÁ?

Pedro: Está falando comigo? - Perguntou como se estivesse olhando um inseto

Tomtom: Não, estou falando com a sua mãe, palhaço. - Respondeu, cheia de si. Pedro franziu a sobrancelha - EU OUVI OS SEUS GRITOS! PEDRO, JÁ FAZEM SEIS DIAS! ONDE ELA ESTÁ?

Pedro: Francamente. - Balançou a cabeça e saiu.

Anoiteceu, e Tomtom estava irredutível. Quando amanheceu, saiu decidida do quarto: Iria atrás de Cobra.

Tomtom: Vamos, Seth, me ajuda! - Resmungou pulando pra subir no cavalo

Como por milagre, Seth dobrou as duas patas da frente, se abaixando. Tomtom franziu a sobrancelha e montou. Quase caiu quando o cavalo quando ele saiu a galope. Se segurava firme nas rédeas. Não fazia a minima ideia de onde Cobra estava, mas precisava tentar. Estava próxima a saída da fazenda, quando uma carruagem preta passou por ela, parando em seguida.

Cobra: Tomtom? - Berrou saindo da carruagem, com João, Bianca e Théo a seu encalço

Tomtom puxou a rédea com tudo, e Seth voltou. Deu um berro quando chegou a Cobra, e o cavalo, inteligentemente, parou.

Tomtom: Cobra! - Berrou, ofegando - Eu estava indo atrás de você!

João caiu no riso, e Bianca sorriu do marido. Cobra ergueu uma sobrancelha, incrédulo.

Cobra: Ia a Madrid, atrás de mim, montada nesse cavalo? - Perguntou, como se não tivesse ouvido direito

Tomtom: Estava indo, mas graças a Deus você está aqui. - Engasgou - Cobra, a Ka. - Cobra ficou alerta, e João parou de rir - Ela foi ao terceiro andar, e Pedro apareceu do nada, eles brigaram, eu acho que ele bateu nela, eu não sei. - Cobra arregalou os olhos, franzindo a sobrancelha - E ela sumiu! Tem uma semana isso, eu não sei, ela não saiu da mansão, mas eu já procurei e nada! - Se engasgou

Cobra não disse nada. Apenas puxou Tomtom do cavalo, pondo-a no chão. Montou em Seth e então, com uma rajada de vento, havia sumido.

João: Meu Deus. - Murmurou pra si mesmo - Vai na carruagem, Bianca. - Pediu, alterado. Sentia que uma desgraça podia acontecer entre Pedro e Cobra. Pegou um dos cavalos que puxava a carruagem e desapareceu atrás de Cobra.

O cavalo ainda estava a galope quando Cobra pulou dele, na frente da mansão. Mas por algum milagre nem se alterou. Apenas houve um pequeno impacto, como se ele tivesse dado um pulinho. Subiu as escadarias da mansão num salto. Seu faro foi direto. O primeiro lugar onde ele foi o terceiro andar. Tomtom já havia revistado o resto da mansão, e era bem a cara de Pedro deixar a Karina lá. Seu estomago revirou quando chegou no terceiro patamar. Karina estava largada, deitada de bruços, a camisola de seda rasgada nas costas, e a pele das costas em carne viva. Os braços tinham marcas vermelhas, mas as costas estavam claramente feridas. Fios de sangue desciam pelos lados, manchando a seda branca. Parecia um escravo que tinha ido pro tronco.

Cobra: Ka! - Chamou, depois de se abaixar ao lado dela, tirando algumas mechas do seu rosto - Ka, fale comigo. - Pediu, atordoado

Karina: Cobra. - Murmurou, abrindo os olhos devagar. Um sorriso fraco brotou em seus lábios - Você veio. - Disse com a voz falhando, enquanto ele pegava sua mão

Cobra: É claro que eu vim, me perdoe. - Pediu com a voz atormentada - Eu demorei muito. Eu deixei você. - Ele deu um beijo no rosto dela e um no canto da boca. Karina sorriu - Eu vou tirar você daqui.

Foi difícil. Cobra poderia carregar ela sem problemas, mas como fazer, se suas costas estavam completamente feridas? Por fim, ele passou os braços dela por seu ombro e a abraçou pelo quadril, ainda coberto pela camisola desfigurada, e saiu as pressas dali.

Tomtom: Ka! - Berrou assustada

Rosa: Meu Deus! - Pôs a mão na boca ao se bater com Cobra

Cobra: Chame um médico. - Foi a única coisa que murmurou

Depois ouve o estouro da fechadura quebrando quando Cobra chutou a porta do quarto de hospedes, entrando com Karina.

Cobra: Ka, pode me ouvir? - Perguntou ao ve-la de olhos fechados. Karina assentiu levemente. - E-eu vou pedir pra Rosa tentar te dar um banho, ou pelo menos tirar o sangue, enquanto o médico não chega, tudo bem?

Karina assentiu. Cobra levou ela até o banheiro do quarto, foi quando Rosa voltou.

Cobra: Cuidado com ela. - Advertiu sério, antes de sair.

Cobra rosnava em fúria quando desceu pra sala. João, Bianca e Théo já estavam lá.

Cobra: ENLOQUECEU? O QUE DEU NA SUA CABEÇA? - Gritou entrando na sala

Pedro estava sentado em uma poltrona, olhando papéis, mas sua expressão era abalada. João o chamara na real. Ele se descontrolou com Karina. Além de bater, não lhe deu nada que comer nem beber depois. Porém, não respondeu a Cobra.

Cobra: Machucar a Karina, fazer ela sangrar, porque? - Ele encheu o peito de ar - Pela meiga e respeitável Vicki. - Disse, com uma falsa reverência. Pedro ergueu os olhos pra ele. - Ah, você não gosta que falem dela. Porque será? Por causa do seu comportamento deplorável?

Pedro: Vicki era diferente, tinha o jeito dela, mas era uma mulher tão respeitável como qualquer outra. - Disse entredentes, encarando Cobra.

Cobra: UMA PROSTITUTA! - Rugiu em fúria - UMA MULHER DA VIDA! IA PRA CAMA COM QUEM PAGASSE MAIS CARO! - Bianca arregalou os olhos - NÃO VENHA ME FALAR DE DIGNIDADE, PEDRO. - Disse, os olhos faiscando de ódio

O que se ouviu a seguir foi a poltrona onde Pedro estava sentado virar, batendo-se numa mesinha e quebrando um vaso de cristal, e o impulso de Cobra pra cima do irmão. Cobra voou no pescoço de Pedro, e os dois desabaram no chão. Bianca gritou. João tirou ela gentilmente do caminho, e se pôs a apartar a briga. O que parecia ser impossível. Depois de minutos, ele conseguiu.

João: AGORA JÁ CHEGA, VOCÊS DOIS! - Rugiu empurrando Cobra com tudo, que caiu pra um lado, e puxando Pedro pela gola da camisa pro outro

Cobra: PROSTITUTA! - Berrou de novo, após se levantar - Agora o que a Karina te fez? Nada. Só descobriu a VAGABUNDA que você idolatra. - Disse, passando a mão no canto da boca

Pedro partiu pra cima de Cobra de novo, mas João se meteu no meio, empurrando o irmão.

Cobra: DEIXA ELE VIR! ELE GOSTA DE BATER EM MULHER, DEIXA ELE ESPERIMENTAR COM HOMEM! SOLTA ELE, JOÃO! - Urrou em fúria, encarando o irmão

João: EU DISSE JÁ CHEGA! QUE PALHAÇADA DE VOCÊS DOIS! - Ele empurrou Pedro pro canto, tirando-o da linha de fogo de Cobra - Cobra, vá ficar com Karina, ela deve estar precisando. PEDRO, CHEGA! - Empurrou Pedro com tudo. O irmão cambaleou pro lado, mas parou de ir pra cima de Cobra

Entre mortos e feridos, salvaram-se todos. Cobra tinha a boca partida, e Pedro o nariz. A briga ia re-começar quando Tomtom entrou na sala, dizendo que Karina estava chamando por Cobra.

Pedro: Não acaba aqui. - Rosnou, raivoso

Cobra: Tenha certeza que não. - Concluiu, e saiu, pisando forte.

Quando Cobra entrou no quarto, Karina estava deitada na cama, de bruços, com a cabeça em um travesseiro, vestido uma camisola de algodão branca, cuja abertura ficava nas costas. Tomtom lhe dava agua cuidadosamente. Karina, após o banho, parecia melhor.

Karina: Cobra, por favor, eu imploro, não brigue com Pedro. - Pediu com a voz rouca. Cobra ia contestar, mas ela o interrompeu - Não vale a pena.

Cobra: Como você está? - Perguntou, acariciando o rosto dela

Karina: Eu vou sobreviver. - Sorriu. Se sentia bem melhor longe do quadro de Vicki, e após tomar um bom banho

O médico logo chegou. Se assustou com o estado das costas de Karina. Mas deixou a receita de um remédio, uma fórmula, que ajudaria com a dor e a cicatrização. Recomendou repouso absoluto, um chá que ajudava a dormir, e falou de um creme, que era vendido na Alemanha, que impediria que ficassem marcas. Cobra, instantaneamente, moveu céus e terra e mandou um empregado viajar até lá, pra trazer o tal do creme. Karina tomou o remédio que o médico passou, e a dor nas costas diminuiu um pouco.

Cobra: Olha o que eu trouxe. - Disse fechando a porta do quarto, após entrar com uma bandeja contendo um almoço farto nas mãos.

Karina: Obrigada. - Sorriu olhando-o. Estava, pra ser modesta, morrendo de fome.

Cobra: Vamos ver se eu consigo sentar você. - Ele pôs a bandeja na cama, e se abaixou pra ela.

Karina enlaçou as mãos no ombro de Cobra, que a carregou com cuidado. Depois, após afofar os travesseiros, pôs ela delicadamente sentada. Mas as costas não aceitaram os travesseiros.
Karina gemeu de dor quando seu peso encostou no travesseiro, e Cobra prontamente a desencostou. Ele sentou ao seu lado, e lhe abraçou pelo ombro, dando-lhe apoio. Assim não precisava encostar no travesseiro. Karina adorou. A mão fria dele sobre seu ombro em si servia como sedativo. Ela comeu sozinha, bebeu suco até demais, forçada por ele. Depois ele, com uma mão só, tirou a bandeja vazia dali.

Cobra: Eu vou cuidar de você. E logo isso não terá sido mais que um pesadelo. - Disse, olhando ela. Karina sorriu, grata. Não sabia o que seria da vida sem ele. Cobra selou os lábios com os dela levemente, e toda a dor era suportável.

Naquela noite, enquanto todos dormiam, Pedro foi ao quarto de hospedes onde Karina estava. Era curioso, os dias eram frios, mas tecnicamente todas as noites eram chuvosas em Seattle. Foi o barulho da chuva que acobertou o som de suas pegadas enquanto ele avançava até ela. Quando entrou no quarto, Karina dormia profundamente, ainda de bruços. Ele avançou silenciosamente até ela. O quarto estava escuro, mas ele enxergava como se houvessem dezenas de velas iluminando-a. Pode ver também sua brutalidade, marcada debaixo da fina camisola que ela vestia. Ela ressonava levemente, calma. Tinha uma mão perto do rosto, e alguns fios de cabelo caiam por ali. Ele ergueu a mão e, levemente, tirou os fios, deixando o rosto dela livre. Observou-a por um instante. Sua expressão era tão inocente. Parecia fraca, mas ele tinha certeza de que Cobra estava cuidando dela o melhor possível. A expressão dela era tranquila, despreocupada, ao contrário de Pedro, que era semelhante a de uma pessoa que estava sendo torturada. Sua maxilar estava contraída, seu cenho estava franzido, e os olhos carregavam uma dor que ninguém poderia amenizar. Ficou ali, de pé, olhando-a, por horas a fio. Enquanto a madrugada e a chuva se trançavam lá fora, Cobra foi ao quarto. Pedro se tirou do caminho, ocultando-se da visão de Cobra, para observa-lo. Cobra foi até Karina silenciosamente. Pegou a coberta que estava aos pés da cama e cobriu-a até a cintura. Karina não se moveu. Ele deu um beijo de leve na testa dela e saiu, bocejando, e ainda sem saber da presença do irmão ali. Pedro ficou lá, velando o sono de Karina até amanhecer. Quando a chuva cessou, e o céu começou a clarear, ele foi embora.


Comentem Gattonas

Creditos Samilla Dias.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

17


Mais dias foram passando. Mesmo com Cobra de volta, a vida de Karina era meio tediosa. Ela matava o tempo no chalé, andando com Seth, ensinando Tomtom, mas não era o suficiente.

Cobra: Qual o seu problema? - Perguntou ao vê-la rodando pela sala

Karina: Nada. - Disse, sem dar atenção

Cobra: Nada, Karina Duarte? - Perguntou, desconfiado

Karina: É, nada, Ricardo Ramos. - Cobra riu

Cobra:
Cobreloa.

Karina: Perdão? - Franziu a sobrancelha

Cobra: Ricardo Cobreloa Ramos. - Karina ergueu a sobrancelha - João Spineli Ramos. Só Pedro e Antônia são Torres Ramos . - Explicou simplesmente.

Karina: Ok, entendi. - Ela assentiu - Tédio!  - Ela se sentou, torcendo as mãos

Cobra: Tem algo que eu possa fazer pra ajudar? - Perguntou, observando-a

Karina: Na verdade, tem. - Cobra esperou - Eu não posso sair da fazenda, você sabe. - Cobra ia protestar, mas ela não deixou - Não vamos criar problemas. Cobra, vá a minha casa. Eu não trouxe nada meu pra cá, você podia pegar algumas coisas pra mim. - Pediu, com os olhinhos brilhando

Cobra: Eu vou. - Disse, sorrindo da expectativa dela

Karina: Sério? - Cobra assentiu - Eu vou fazer uma listinha, você vai procurar pela Helena. Ela vai saber o que é. Diga a ela que sinto saudades. - Sorriu - Obrigada! - Ela se atirou no pescoço dele, em um abraço de agradecimento.

Karina estava deslumbrada. Cobra realmente era um anjo, enviado pra clarear a escuridão em que ela vivia. Karina deu uma lista breve a Cobra, e ele partiu a cavalo. Ao chegar na mansão dos Duarte, procurou por Rosa. A mulher o atendeu, feliz da vida por finalmente ter noticias de Karina. Colocou as coisas que Karina pedira em um pacote enorme, que Cobra prendeu em Jake pra poder voltar. Karina esperava ansiosa em casa.

Cobra: Tem chumbo aqui dentro? - Perguntou entrando na sala, trazendo o enorme pacote nas mãos

Karina: Cobra! - Deu um gritinho de alegria, indo ajuda-lo

Os dois colocaram o pacote em cima do sofá, e ela o abraçou. O negócio foi tão intenso, que os dois avançaram pra um beijo. Os lábios estavam quase se tocando, quando os dois afastaram os rostos, com duas caretas. Quase.

Karina: Não. - Balançou a cabeça negativamente

Cobra: Definitivamente não. - Assentiu, sorrindo. Ele deu um beijo na testa dela, que voltou ao seu pacote, radiante.

O pacote continha livros, bordados inacabados, vestidos que Karina gostava, entre outras coisas. Ela desarrumou suas coisas, feliz da vida. Cobra fora trabalhar. Estava lendo um livro na sala, no fim da tarde, quando Cobra, Pedro e João entraram em casa, discutindo alto. Pela primeira vez Cobra parecia fazer juz aos irmãos. Estava alterado, e discutia o assunto com a maior agilidade.

Pedro: ...Um incompetente! - Rosnou - Agora em quem a responsabilidade cai? - Perguntou metaforicamente, enquanto avançava pela sala.

Cobra: O prejuízo é muito grande. - Observou, a irritação em sua voz era evidente - Sem contar nos problemas que isso vai dar.

João: De um modo ou de outro, os fornecedores estão esperando, cada um em seu ponto. Se extraviou uma remessa, porém, é preciso repor.

Cobra: REPOR? - Gritou, aparentemente tirando as palavras da boca de Pedro - Não há tempo!... - E o som da voz de Cobra foi abafada pela porta do escritório que foi fechada.

É, tínhamos um problema.

Bianca: Ka, o que foi isso? - Perguntou descendo as escadas. Karina deu de ombros.

Bianca e Karina se encararam por um instante, depois ambas avançaram, silenciosa e rapidamente até a porta do escritório, encostando o ouvido na madeira.

Cobra: Quais os portos? - Perguntou, impaciente

João: Madrid, Mônaco e Roma. - Respondeu, consultando os papéis

Cobra: Cada um vai pra um ponto, acalmar as coisas enquanto não conseguimos mandar outra remessa. Considerariam um desaforo se alguém fosse, além de nós. - João assentiu - Então, fica assim: Eu vou a Madrid, você a Mônaco, Pedro a Roma.

Mas Pedro não estava prestando atenção. Estava olhando, com uma sobrancelha levantada e uma expressão divertida pra porta onde Karina e Bianca ouviam. Ele avançou pra porta. Pouco antes de abri-la, Bianca puxou Karina, que voltou as pressas pro sofá, e fingiu estar terminando de descer as escadas. Pedro encarou Karina, que sorria, vitoriosa.

Então era isso. Três cargas a serem entregues se extraviaram. (Os Ramos exportam papel e café.) Ambos os três viajaram no dia seguinte, as pressas, pra tentar manter a ordem. Bianca foi pra casa do pai com Théo, mas Karina ficou pra cuidar de Tomtom, que estava gripada. Agora Tomtom dormia, e Karina estava guardando os vestidos que Cobra trouxera, quando puxou um que tinha um livro dentro, ambos embolorados. Deixou esses separados. Quando terminou, ficou pensando onde jogar aquilo. A primeira coisa que veio em sua cabeça foi o sótão. Era pra lá que iam as coisas empoeiradas, emboloradas. Considerou a idéia. Ela iria rápido, deixaria a caixa com o vestido e o livro lá, e voltaria. Pedro nem notaria. Ela pegou a caixa entre as mãos, e avançou pela primeira vez pela escada pro terceiro andar.

Estava tudo escuro. Só havia a luz do dia, que entrava pelas frestas das janelas fechadas. Mas Karina não estava preocupada com isso. Conseguia ver muito bem. E a primeira coisa que viu foi o quadro de uma mulher, de tamanho real, vestida em um vestido vermelho . Do lado desse quadro havia outro, só de busto. Karina esperara tudo, menos isso. Ela largou a caixa no chão e avançou pelo cômodo. Parou em frente ao quadro de corpo todo. A mulher era clara, os cabelos eram lisos, de um castanho médio, caindo até o ombro. Seus olhos eram pretos. Tinha um sorriso de Lindo. Era linda, Karina pensou sozinha. Ao seu lado, o rosto da mulher encarava ela, com um sorriso no olhar.

Karina: Deus do Céu. - Murmurou, avançando pelo enorme cômodo. As paredes eram cobertas de fotos da mulher. Havia um manequim num canto, com um vestido vermelho vivo.

Karina foi até uma das diversas prateleiras que havia ali, se sentindo dentro de uma ópera de terror. Haviam arquivos e mais arquivos. Ela puxou um, delicadamente. Era uma carta, antiga. Ela desdobrou com cuidado. Reconheceu a letra de Pedro no papel desgastado.

Vicki,

Minha mãe tem criado problemas. Aliás, aqui tem sido problemas de manhã até a noite. Hoje a noiva de Cobra veio até aqui. Eles só vão se casar daqui a dois anos, porém, Cobra insistiu em vê-la, queria conhecer. Sinto sua falta. Penso em você a todo momento. Vou dar um jeito de escapar, e irei até você.
Eu te Amo.

Pedro.

Karina olhava a carta como se aquilo lhe causasse nojo. Dobrou-a de novo, com menos cuidado do que quando desdobrou, e pôs no lugar. Pegou outra. Dessa vez a caligrafia era feminina.

Pedro,

Está cada vez mais difícil escrever a você! João é um inútil, está começando a criar caso. Ele é a favor da Karina. Você precisa resolver isso, rápido. Eu estou cansada de ficar escondida. I miss U.
Da sempre sua,

Vicki.

Karina ficou com aquilo na cabeça durante todo o dia. Cuidou de Tomtom com a cabeça distante. A noite, estranhou aquela cama enorme. Nunca dormira ali sem Pedro ressonando ao seu lado. Tampouco dormiu muito. Passou a maior parte da noite olhando a chuva bater na janela. De manhã, acordou com os gritinhos de Tomtom, vindos do lado de fora. Se levantou de supetão, indo até a janela. Tomtom corria atrás de Seth pelo jardim da mansão.

Karina: TOMTOM! - A menina não ouviu - Vai piorar. - Murmurou pra si mesma, pegando o hobbie.

Karina estava com uma camisola de seda longa, branca, e o hobbie era igual. Sabia que era errado sair assim, mas Tomtom ia piorar se continuasse no frio.

Karina: Ei, ei, ei! - Segurou a menina, que ia em disparada atrás do cavalo, que galopava na sua frente

Tomtom: Mas, Selly... - Começou a questionar

Karina: Sem "mas". Você tá doente, devia estar no seu quarto. Vai piorar, Tomtom. - Tomtom mordeu o lábio, como se pedisse desculpas. As duas começaram a caminhar até onde Seth tava.

Karina: Tomtom, você conheceu alguém chamado Vicki? - Perguntou, tentando passar despercebida

Tomtom: Conhecer não, mas esse nome me é familiar. - Ela tentou se lembrar, sem sucesso - Você conhece?

Karina: Eu não, mas o Pedro parece conhecer. - Disse, amargurada - Eu fui levar um vestido mofado pro sótão, e tem... tem uma foto dela lá. - Resumiu

Mas antes que Tomtom pudesse responder, Seth relinchou, ficando em pé nas duas patas traseiras. Do nada, uma voz surgiu, fria e cortante.

Pedro: Então você resolveu me desobedecer. - Disse, aparecendo na lateral de Karina e Tomtom. Karina empalideceu. Que diabo, ele não tava viajando?

Karina: A-Pedro. - Murmurou, recuando

Pedro: Não corra. - Advertiu, furioso.

Karina e Tomtom agiram juntas. As duas se viraram e dispararam correndo pra mansão. Ao chegar na escadaria, Karina pegou Tomtom pela cintura, erguendo-a do chão, e desatou a subir. Ao entrarem em casa, Karina olhou pra trás, e Pedro não estava mais lá. Seu peito doia de medo, de terror. Subiu correndo com Tomtom, e entrou em seu quarto, fechando a porta e se escorando nela. Só o que houve foi o silêncio.

Tomtom: O que foi? - Perguntou, ofegando.

Pedro: Eu disse que não adiantaria correr. - Advertiu, frio, encostado calmamente no guarda-roupas, como se estivesse lá o tempo todo.

Karina gritou de susto. Em seguida, puxou Tomtom e pôs pra fora do quarto.

Karina: Se tranque no seu quarto e só abra a porta pra mim. - Disse rapidamente, e fechou a porta do quarto, se virando pra Pedro. Ele estava transformado. Respirava como um touro irritado, seus olhos eram ódio puro, e Karina sabia que não podia fugir.

Pedro: Eu avisei a você, Karina. Faça tudo, menos ir até lá. PORQUE ME DESOBEDECEU? - Gritou, avançando pra ela, que recuou pra perto da cama

Karina: E-eu só fui levar... - Interrompida

Pedro: ESPEROU QUE EU VIAJASSE PRA IR ATÉ LÁ! - Disse, agora próximo dela

Karina: Tudo isso era pra eu não ver a sua namorada, Pedro? - Perguntou, se jogando a morte. - Teve um lado positivo, agora eu sei porque você me odeia.

Pedro: Eu não matei a minha mãe. - Começou, transtornado - Eu amava a Vicki. - Ele disse, e o tom em sua voz não era de amor, chegava a ser adoração.

Karina: ENTÃO VÁ E FIQUE COM O CADAVER DELA! ME DEIXE EM PAZ! - Gritou, tomada pelo ciúme.


E então um golpe furioso lhe atingiu o rosto, e ela caiu no chão. Sentiu o gosto do sangue na boca. Mas antes que pudesse reagir, algo lhe atingiu as costas. Uma fivela, um cinto talvez. Parecia estar cortando sua pele em tiras. Ela ouvia o grunhido de Pedro a cada golpe que recebia. Tinha experiência, gritar não adiantava nada. Então se entregou a dor, sem se queixar, apenas protegendo o rosto com os braços enquanto rezava pra o ódio de Pedro parar. Após algum tempo, começou a rezar pra que a morte chegasse logo. As lágrimas queimavam seus olhos, até que tudo escureceu, e não houve mais nada. Em meio a sua dor, Karina pensou ter ouvido a voz furiosa de Pedro, bem ao longe, dizer: "Você não queria, pois então, ficará aqui." E seu rosto se bateu no chão com força. Não sabia se era só o rosto, o resto de seu corpo já estava tomado pela dor, ela não podia distinguir. Perdeu a noção do tempo. Só sabia que estava deitada num chão frio, de barriga pra baixo, e que tinha dor. Dor demais. Quando conseguiu abrir os olhos, foi o retrato de Vicki, com o sorriso triunfal que viu. Ela não conseguia se levantar. Não conseguia gritar. As lágrimas desciam por seu rosto silenciosamente. Tinha sede, tinha fome, e tinha dor, acima de tudo dor. Ficou ali, imóvel, olhando o rosto de Vicki, enquanto mais lágrimas queimavam seu rosto.



Comentem Gattonas.


Creditos: Samillas Dias

segunda-feira, 10 de agosto de 2015

16


Oi bunitas, provavelmente vcs querem me matar neh. Desculpe meu sumiço, mas e que cheguei agora de viajem, fiquei de posta enquanto tava viajando, mas não deu. 

Mas to de volta, postagem normais..... Vamos a mais um capitulo ein :)

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As semanas se passaram. Logo completou um mês desde que Cobra se fora. Pedro passou a atormentar Karina com isso, debochando dela. Karina se pôs a cavalgar naquele dia. Não estava chovendo, porém, o céu não estava claro. Acho que aquele era o que se chamava de "tempo bom" em Seattle. Seth adorava correr. Se lançava com tudo levando a dona. Karina já soava, devido ao tempo que passou correndo. Estava prestes a fazer a volta, quando viu, a uns 100 metros de distância, o portão da fazenda se abrir. Uma carruagem entrava na fazenda.
Não era nem Pedro nem João, ambos estavam em casa. Karina sorriu de antecipação, o coração batendo gostosamente no peito, enquanto puxava as rédeas do cavalo. A carruagem parou antes de chegar nela, que já sorria. Seth arrastava a pata no chão, ansioso por correr novamente, e se balançando pros lados, obrigando Karina a manter a rédea firme.

If I was young, I'd flee this town
I'd bury my dreams underground
As did I, we drink to die, we drink tonight ♫

Cobra: Demorei? - Perguntou, sorrindo abertamente ao descer da carruagem.

Karina: Nem percebi que já tinha ido. - Zombou enquanto desmontava do cavalo e corria em direção a ele, segurando a barra do vestido bege, pra não tropeçar.

Far from home, elephant gun
Let's take them down, one by one
We'll lay it down, it's not been found, it's not around ♫

Karina atirou os braços em volta de Cobra, que segurou ela e rodopiou duas vezes, erguendo-a no ar. 
E então ela estava inteira novamente. Ele estava ali, em seus braços. Ela ria contra a pele fria do pescoço dele. Estava absorta em sua felicidade quando viu um menino, aparentemente 10, 11 anos, olhando os dois curiosamente da porta aberta da carruagem.

Karina: Ele é...? - Murmurou no ouvido de Cobra, que riu

Cobra: Théo, venha até aqui. - O menino prontamente se lançou pra fora da carruagem - Essa é Karina. Lhe falei dela. - Théo assentiu e sorriu

Théo: Prazer. - Disse, pegando a mão de Karina e dando um beijinho

Téo tinha os cabelos cor de manteiga. A pele clara, os traços delicados, não tão finos quanto os de Cobra, João, e Pedro, mais ainda assim delicados.

Karina: O prazer é meu. - Sorriu, ainda agarrada a Cobra, que abraçava ela pela cintura

Cobra: Acho que cheguei a tempo pro almoço. - Observou, sorridente - Você prefere ir no seu cavalo, ou nos dá o prazer de sua companhia? - Ele perguntou, formal demais, brincando com ela

Karina: Sinto informar que vou ficar em débito quanto a isso. - Respondeu, segurando o riso - A propósito, o nome do cavalo é Seth. - Ela empurrou ele de leve pelo peito e se afastou, sorrindo ao ouvir o riso de Cobra, indo em direção ao seu cavalo

Let the seasons begin - where it's all right and wrong
Let the seasons begin - take the big game down ♫

Karina montou em Seth, que mais que prontamente disparou em direção a mansão. O vento parecia querer cortar o rosto dela enquanto ela via a carruagem vir a seu encalço. Seus cabelos voavam, soltos ao vento. Se Karina tinha algum conceito sobre felicidade, era esse.

Pedro: Bonito colar. - Observou, quando Karina saiu do banheiro de camisola, naquele dia a noite - Não me lembro de ter lhe dado esse. - Disse com os olhos colado a joia que cintilava no pescoço dela.

Karina: Não foi seu. Cobra me deu esse. Hoje. - Disse se sentando e começando a escovar o cabelo

Pedro: Minhas joias você deixa de lado, mas as de Cobra desfilam em seu pescoço. - Disse debochado, sentando-se na beira da cama e olhando-a.

Karina: Não é convencional usar uma gargantilha cravada com rubis pra ficar em casa. - Disse olhando a ponta do cabelo

Pedro: Sabe que não gosto do seu relacionamento com Cobra? - Perguntou se sentando atrás dela, deixando-a no meio de suas pernas e olhando-a pelo espelho.

Karina: Porque? - Perguntou encarando-o pelo espelho. Parecia tanto... o coração dela pulou de expectativa. Talvez o seu Pedro estivesse ali, agora.

Pedro: Porque não. - Ele deu um pequeno beijinho no pescoço dela - É minha mulher. E eu não gosto do grau de relacionamento que vocês tem. - Disse duro, encarando-a pelo vidro

Karina: Você não tem que gostar. Ele é meu amigo, não seu. A você só cabe aceitar e respeitar. - Disse, rígida pela decepção. Pedro riu abertamente com a resposta dela. - Pelo amor de Deus. - Murmurou irritada e se levantou bruscamente

Pedro: Eu não disse pra você sair. - Segurou ela com a mesma brusquidão com que ela se levantou - Pra que a pressa? Tem algum encontro? - Perguntou, debochado, se levantando

Karina: Se eu tivesse não era de sua conta. - Rosnou, irritada - Está me machucando. - Disse, a garganta amargando de ódio

Pedro: Estou? - Ele sorriu, frio, pegando o outro braço dela. Karina assentiu, colérica - Mas você gosta quando eu te machuco. - Disse, provocando, e apertando mais os braço dela, trazendo-a pra si.

Karina: Para. - Pediu, tentando se controlar.

Pedro: Porque parar, se no fundo você tá adorando? - Perguntou malévolo, e ela revirou os olhos. - Assuma. - Ele puxou mais ela pra si. Karina estremeceu. Era verdade, ela amava essa parte bruta de Pedro - Diga em voz alta, petit. Eu quero ouvir. - Ele sorriu de canto, deliciado com a irritação da mulher.

Karina: Você acha que é a única opção. O melhor em sua categoria. Mas e se eu me apaixonasse, Pedro? - O sorriso dele se fechou - Eu sou jovem. Meu coração é novo, está aberto pro amor. E se eu me interessasse por outro homem? Melhor, se eu quisesse ir embora? Se eu quisesse te deixar? Isso ia ferir o seu ego, não iria? - Sorriu, gloriosa, ao ver a fúria nos olhos dele.

A ultima coisa que Karina viu foi o verde furioso dos olhos dele. Depois ela foi lançada da na cama com força por ele. Caiu deitada de lado. O colchão amorteceu o tombo dela, jogando-a pra cima. Seu cabelo se esparramou por seu rosto. O braço em que ela caiu em cima doía barbaramente. Estava se recuperando do susto quando a voz, baixa e ameaçadora dele lhe tocou.

Pedro: Eu lhe matarei antes, Karina. Estará morta antes de estar nos braços de outro homem. Matarei você sem pensar duas vezes. - Avisou, raivoso, e saiu do quarto, batendo a porta com tudo. Karina suspirou. Que maravilha de casamento era o dela.

Os dias se passaram. Karina e Cobra estavam cada vez mais apaixonados. O relacionamento de Karina e Pedro estava cada vez pior. Na ocasião a seguir, os dois estavam aos beijos no chalé. Quando Karina chegou, Cobra estava sentado na cama, lendo um livro. Com a chegada dela, ele deixou o livro. Ela se sentou ao lado dele, e os dois se puseram a conversar. Dentre um assunto e outro, ele a beijou. A coisa foi ganhando intensidade, ao ponto em que Karina deitou de costas na cama, e Cobra ficou com metade do corpo por cima dela. O pescoço da dela tinha marcas de um rosa claro, deixadas por ele. Já ele, se estivesse sem camisa, teria marcas da unha dela. A respiração de ambos já era sofrida. Com um estalo, Cobra rolou pro lado, saindo de cima dela e Karina rolou pro outro, caindo de Joelho no chão. Jade. Pedro.

Karina: Eu acho que... - Ela começou. Mas ao ver a careta de Cobra desabou em risos, se escorando na cama. Cobra riu.

Cobra: Vamos, sua topeira. Já deve estar escurecendo. - Ele ofereceu a mão a ela, que segurou e se levantou, ajeitando o vestido.

Os dois, ainda aos risos, saíram do chalé e pegaram, cada um, o seu cavalo. Voltaram calmamente pra casa. Chegando lá, Karina foi se aprontar pro jantar e Cobra também. Pedro lançou um olhar questionador nela quando ela entrou na sala. Ela fingiu não ver. O jantar correu normalmente.

Bianca: Eu queria tanto saber se é menino ou menina. - Comentou, alisando a barriga saliente. Bianca estava com 5 meses.

Théo: Sabe, Demi. No futuro vai existir uma máquina, eles passam gel na barriga da pessoa, passam um aparelho, e o bebê aparece numa tela. As pessoas vão ficar sabendo o sexo da criança com ela ainda dentro da barriga. - Disse, entusiasmado. Pedro, Cobra e Karina franziram os cenhos.

Bianca: Sério? - Perguntou, confusa e animada.

João: Sai de perto dela. - Ordenou, dando um pedala no menino, que saiu, aos risos. Cobra e Karina riram enquanto João sentava do lado de Bianca, que o abraçou.

-

Karina: Lá vem você me infernizar de novo. - Disse colorizada, quando Pedro se aproximou dela

Mas ele não disse nada. Aproximando-se dela por trás, cheirou seu pescoço levemente, com a sobrancelha franzida. Karina endureceu.

Pedro: Cuidado com o que está fazendo, Karina. - Avisou, se afastando dela - Chorar depois não vai mudar nada.

Karina: Eu não sei do que você está falando. - Disse dura, erguendo o rosto

Pedro: É bom que não saiba. Pro seu bem. - Disse antes de sair e fechar a porta, deixando uma Karina pálida.


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Creditos : Samilla Dias