terça-feira, 29 de setembro de 2015

22



Musica da Cena: Como Voy a Odiarte - Sin Bandera

Chegaram ao baile normalmente. Alguns fotógrafos de jornais estavam lá, deixando nuvens de fumaça a cada foto que tiravam. Os Ramos entraram normalmente. Era um lugar com o teto alto, bem iluminado. Havia um enorme salão no meio, livre, e em volta várias mesas. Pedro, João e Cobra cumprimentaram várias pessoas. Karina se envaideceu por os amigos de Pedro o elogiarem pela bela mulher que tinha. Ela apenas sorria, e fazia uma cortesia com a cabeça, agradecendo. Pedro não parecia gostar nada disso.

Pedro: Quer parar de se exibir? - Murmurou pra ela quando chegaram a uma mesa que tinha o nome deles em um cartãozinho

Karina: Não estou me exibindo, amor. - Respondeu, lhe dando um sorriso estonteante em resposta.

Guardas o que fica lentamente
Nos olhamos frente a frente
Fixamente e sem falar ♫

Pedro rosnou baixo, enquanto puxava uma cadeira pra ela se sentar. Seria uma longa noite. Logo um garçom veio, atende-los. Bianca e Tomtom ficaram com um copo de água, Pedro, João, Cobra com champanhe. Karina ficou com o champanhe e um cigarro. Logo Pedro, João e Cobra se espalharam pelo salão, conversando com conhecidos.

Tomtom: Isso fede. - Se queixou do cigarro que Karina tinha delicadamente entre os dedos, minutos depois dos homens se afastarem. Karina sorriu.

Bianca: Você nunca fumou, qual o problema agora? - Perguntou, observando a irmã. Karina não respondeu. - Eu preciso ir ao toallete. - Concluiu, com a expressão confusa. Karina riu. Bianca, depois de uma certa etapa da gestação, passou a ir ao banheiro com muito mais frequência
 que antes.

Karina: Vamos, eu acompanho você. - Sorriu gentilmente se levantando.

Faço as perguntas de rotina
Outro amor que avizinha
E nosso amor por terminar ♫

Karina, Bianca e Tomtom atravessaram o salão, em direção ao que lhe informaram ser o banheiro. Ao saírem de lá, se bateram com umas amigas de Bianca e Karina.

Bianca: Angel! - Chamou, sorridente

Angel: Ora, Bianca! - Sorriu ao chamado da amiga - Karla, vem aqui!

Angel era magrinha e loura. Já Karla era mais cheia que Bianca, e tinha os cabelos negros. Ambas se aproximaram, sorrindo. Logo Bianca trançou as duas em uma conversa animada.

Karla: Não vai nos apresentar a sua amiga,Bianca? - Perguntou, tímida, vendo Karina de perfil, abaixada ajudando Tomtom com o vestido

Karina: Quem? Eu? - Se virou e sorriu, deliciada.

Angel e Karla: Karina! - Chamaram boquiabertas

Do outro lado do salão, Pedro, João e Cobra conversavam com um grupo de homens, civilizadamente. Alguns casais rodopiavam elegantemente pelo salão.

Dérick: Pelo visto, a sua Bianca logo lhe dará um herdeiro. - João assentiu feliz - Meus parabéns!

João: Obrigado. - Agradeceu orgulhoso.

Eddy: Há tempos eu não vejo um baile tão bonito. Vejam, um exemplo, aquela loura ali, conversando com a sua Karla, Jack! - Jack aguçou a visão pra olhar - A de preto. - Pedro ergueu a sobrancelha, virando o rosto levemente. Jack assentiu - Há anos eu não vejo uma tão formosa. - Elogiou.

Pedro: Minha esposa. - Observou, sorrindo debochado.

Dérick: Aquela é Karina? - Perguntou, abismado.

Pergunto se fui eu ou a distância
Se são os tempos que mudam
E se pode ser melhor ♫

Me disse que não existem os culpados
E que nunca vai odiar-te, por favor ♫

Karla: E essa é? - Perguntou, olhando Tomtom

Karina: Minha cunhada. Antonia, Karla. - Tomtom cumprimentou Karla educadamente. Karina sorriu com isso.

Angel: Seu marido te olha de um jeito estranho. - Disse, olhando Pedro disfarçadamente - É tão...possessivo. Me dá arrepios. - Concluiu. Karina sorriu, inclinando a cabeça pra trás e soltando uma pequena nuvem de fumaça pela boca.

Como vou a odiar-te, mulher?
Nem te atrevas a dizer-lo.
Se você me ensinou a poder,
Um amor em meu destino ♫

Jack: Com todo o respeito, você ganhou na loteria, amigo. (Não me pergunte se existia loteria naquele tempo UU') - Observou, olhando Karina

Eddy: É verdade. Muito bela, a sua Karina. - Disse, agora com muito mais respeito

Cobra: Ela é única. - Observou o vulto preto do outro lado do salão

Pedro olhou Cobra, depois voltou a olhar Karina. Que diabo, porque ela colocara aquele vestido? Ele lhe dera tantos. Provocação, pura e deslavada. Mas estava linda. Enquanto ele a observava, Karina virou o rosto delicadamente, e o encarou por um instante. Depois, com um sorriso no canto do rosto, se voltou as amigas.

Pedro: Com licença. - Pediu educadamente e saiu, atrás da mulher.

Se você me ensinou a querer
Como velho, como menino
Como vou a odiar-te, mulher?
Isso não posso fazer ♫

Karla: Me daria medo, se fosse meu marido. Jack é completamente diferente, ele nunca me olhou desse jeito. - Garantiu. Karina deu de ombros, indiferente.

Bianca: Ka, ele está vindo. - Avisou quando viu Pedro sair do grupo de amigos onde estava e encaminhar-se, despreocupadamente até elas.

Angel: Como você consegue ser tão indiferente? - Perguntou alerta pela aproximação de Pedro

Karina: A convivência o torna rotineiro. - Disse, dando uma ultima tragada no cigarro.

Não sei que aconteceu exatamente
Só sei que de repente
Tudo começou a falhar ♫

Pedro: Dança comigo? - Murmurou, parando-se atrás dela e estendendo a mão, com o rosto virado pro lado, observando-a.

Karina: Com o maior prazer. - Disse antes de sorrir e jogar o cigarro acabado numa lixeira próxima, dando a mão a ele - Com licença, meninas.

Pedro enlaçou os dedos dentre os delicados dela, e levou-a até o meio do salão. Chegando lá, ela parou em sua frente. Pôs uma mão no ombro dele, e outra em sua cintura. As duas mãos dele pousaram na cintura perfeitamente definida dela.
Pedro era um queixo mais alto que ela, por isso ela apoiou o rosto em seu ombro, enquanto começavam a embalar no ritmo da musica. (A musica é a mesma da cena. NÃO ME PERGUNTE SE SIN BANDERA JÁ EXISTIA UU')

Não faço muito mais por deter te
Faz tempo que se sente
Que não posso te parar ♫

Pedro: Todos comentaram como você é perfeita. - Começou, um tempo depois, com a boca colada no ouvido dela - Elogiam a sua beleza. Ressaltam suas qualidades. Como se eu não soubesse.

Karina: Isso te incomoda? - Perguntou, perdida nos braços dele. "Idiota", se condenava o tempo todo, mas era ali que queria estar. Aquele lugar lhe pertencia.

Pedro: Não gosto que cobicem o que é meu. - Concluiu, abaixando o rosto, encostando os lábios firmemente no ombro nu dela.

Karina: Sinto desfazer o seu castelo de areia, porém, tudo que é seu é cobiçado. Sua fortuna, sua mansão, seus bens. Tudo. - Respondeu, se aninhando no abraço dele, enquanto os dois continuavam a se mover lentamente pros lados.

Pedro: Eu não ligo pra tudo isso. Mas você não. Você eu não admito.

Pergunto se fui eu ou a distância
Se são os tempos que mudam
E se pode ser melhor ♫

Karina: O que vai fazer? - Perguntou, provocando - Pegar um alfinete, e sair furando, um por um, cada par de olhos que parar em mim?

Pedro: Já pensei nessa possibilidade. - Aceitou a provocação - Minha vontade é tirar você daqui, agora. Te levar pra um lugar onde só eu possa te ver. Onde só eu possa te ter. - Ele passou os lábios entreabertos na pele de marfim dela, e sorriu ao vê-la se arrepiar.

Me disse que não existem os culpados
E que nunca vou a odiar te por favor ♫

Karina: Prepotente. É isso que você é. Prepotente. Porém, não aceita a concorrência. - Alfinetou

Pedro: Não existe concorrência. - Respondeu duro - Sim, eu sou prepotente. Mas é assim que você me ama. - Concluiu com um sorriso satisfeito no rosto

Karina: Idiota. - Murmurou antes de dar um murro leve no peito dele, se afastando.

E como vou a odiar-te, mulher?
Se era tudo o que tenho
Se ja não posso te perder
Porque vive aqui dentro ♫

Pedro: Não! - Ele a segurou de novo - Sem brigas. Não me deixe. - Implorou, com um sorriso irresistível no rosto. Karina ergueu a sobrancelha, considerando a ideia, e depois voltou pros braços dele.

Karina: Calado. - Impôs. Pedro riu, mas aceitou.

Como se te ocorre crer
Que vou deixar de amar-te
Como vou a odiar-te, mulher?
Isso não o posso fazer ♫

E foi como ela quis. Eles não se atiçaram mais durante aquela musica. Só se sentiam. Ela acariciava a nuca dele com a mão que estava em seu ombro, e se abrumava no peito do marido. Ele acariciava o rosto e o ombro dela com os lábios, delicadamente. Até que a musica acabou.

Karina: Obrigado pela dança. - Agradeceu, se soltando dele.

Pedro: Disponha. - Respondeu no mesmo tom dela, vendo-a sorrir e se afastar.


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Creditos Samilla Dias


domingo, 13 de setembro de 2015

21


Os dias foram se passando, torturantemente calmos. Bianca estava com um barrigão enorme. Karina e Cobra, apesar da mudança radical dela, continuavam apaixonados. Pedro continuava abatido, e Karina não colaborava pra uma melhora.

João: Um baile. - Anunciou, lendo o fino convite

Pedro: Definitivamente não.

João: Convidado por sua excelência, o governador. - Terminou, erguendo os olhos pra Pedro - Definitivamente sim.

Bianca: Um baile? *-* - Sorriu, se abraçando ao marido

João: Um baile. - Confirmou, sorrindo pra esposa, antes de lhe beijar a testa.

Cobra: Quando?

João: Daqui a 15 dias. - Confirmou, olhando o convite novamente

Karina: Definitivamente, estaremos lá, não é, querido? - Perguntou se debruçando nas costas da poltrona onde Pedro estava, fazendo-o erguer o rosto pra olha-la.

Pedro: É, estaremos. - Suspirou, vencido

Karina sorriu, pensativa, enquanto se inclinava e selava os lábios com os dele, friamente. Em seguida se afastou, ainda com a expressão longe. Foi quando se bateu com Rosa no corredor.

Karina: Rosa! - Chamou, voltando pra mulher - Preciso que faça uma coisa pra mim.

Rosa: Claro, senhora. - Assentiu

Karina: Vá ao terceiro andar. Existem dois manequins lá em cima. Há dois vestidos nesses manequins: Um vermelho e um preto. Pegue o preto, lave-o ao máximo que puder sem prejudicá-lo. Quero-o perfeito pra daqui a 15 dias. - Concluiu, com um sorriso malicioso no rosto.

Rosa: Mas, senhora, o senhor Pedro proibiu que qualquer um fosse lá em cima. - Contestou temerosa.

Karina: E agora a mulher dele está mandando que você vá até lá. Eu preciso daquele vestido. Ele não saberá que foi você que o fez, eu prometo. - Garantiu

Rosa: Mas... - Interrompida

Karina: É uma ordem. - Disse, dura. A mulher, atônita, assentiu e saiu, deixando Karina com um sorriso malicioso no olhar.

Os próximos 15 dias, como é de se esperar, passaram tranquilamente. Bianca estava um poço de empolgação com o baile. Como sua barriga estava enorme, ela não achou nenhum vestido que lhe agradasse. João, prontamente, chamou a costureira e lhe deu ordens de que obedecessem as vontades da esposa. Bianca mandou fazer um vestido cor de champanhe, lindo. Quando Pedro lhe perguntou o que vestiria, Karina respondeu, gentilmente, que já tinha o seu vestido. Quando a noite do baile chegou, Pedro e João se aprontaram em outro quarto, para dar privacidade as suas mulheres.

Rosa: Senhora? - Perguntou, entrando no quarto de Karina. Essa esperava, só com as roupas de baixo, e terminando de aprontar o cabelo. - Aqui está o vestido. - Disse, tirando a capa branca do vestido.

Karina se virou pra olhar. O vestido estava como novo. Era um tomara-que-caia, negro como breu. Karina foi até Rosa, pegou o vestido e cheirou levemente. Tinha cheiro dos produtos que usaram para lava-lo. Ótimo, a ultima coisa que queria no corpo era o perfume de Vicki. Rosa ajudou com o corpete, amarrando-o super apertado, como a patroa mandou, e assustada por Karina não se queixar de dor. Quando terminou, Karina estava perfeita. Sua pele pálida entrou em contraste com o vestido. Sua cintura estava definida, apertada, porém, linda. O corpo de Karina estava de dar inveja a qualquer um. Os seios fartos, quadril definido, e o rosto de anjo. Era cruel perto das outras mulheres. Karina colocou a coleira que Pedro lhe deu no dia do casamento, por fim, ficou luxuoso. Pôs um tamanco preto, com um salto agulha enorme, e estava pronta. Rosa lhe avisou que já a esperavam na sala. Ela se demorou mais um pouco, pra irritar Pedro. Perfumou-se, conferiu o penteado, e então foi.

Pedro: Que diabo. - Resmungou, após 15 minutos esperando Karina. Cobra estava com Tomtom no colo, ajeitando seu cabelo. Bianca jazia aos carinhos com João, que lhe acariciava a barriga. - ROSA! - Berrou, e a mulher apareceu - Vá apressar Karina. - Rosa assentiu e ia saindo

Karina: Não é necessário, eu estou aqui. - Disse entrando na sala.

Cobra se admirou, Karina parecia uma escultura feita por anjos, e retocada por um demônio. Era angelical a cor de seus cabelos, a expressão do rosto. Os demônios se ocuparam fazendo as curvas generosas de seu corpo, e colocando a malicia dentro daquele azul no olhar dela. Pedro olhava a mulher com os olhos arregalados, a sobrancelha franzida e a maxilar trancada. Em sua cabeça, outra cena pairava.

FLASHBACK DE PEDRO

Pedro: Vicki? - Chamou, entrando no quarto da mulher, na pensão onde morava - Vicki, você está aqui?

Vicki: Porque não estaria? - Murmurou, aparecendo atrás dele, fazendo-o se arrepiar com o hálito dela em seu ouvido.

Pedro: Isso... - Ele se recuperou - Isto é para você. - Disse, estendendo a caixa que tinha nas mãos

Vicki saltitou radiante até o presente, e abriu a caixa. O vestido negro escurecia seu interior. Pedro viu o brilho que percorreu no olhar dela.

Vicki: D-deve ter custado uma fortuna. - Disse, envaidecida, moldando o vestido no corpo

Pedro: Você vale por esse dinheiro. - Disse, sorrindo - Quero que o use hoje a noite. Virá ao baile comigo. - Vicki arregalou os olhos, radiante pela surpresa, e se atirou nos braços dele depois de deixar o vestido em cima da cama, beijando-o com fervor.

FIM DO FLASHBACK

Pedro se negou ao resto da lembrança. Neste dia, Delma brigou com Vicki no baile. Foi um escândalo. Pedro, tomando o partido da amada, pôs-se contra a mãe. Marcelo, tomou o partido da mulher. Resultou num pega pra capar daqueles.

Karina: Pensei que fosse gostar querido, guardou-o com tanto apreço. - Respondeu fria, e com um olhar vingativo se aproximou do marido

João: Er... vamos? Está na hora. - Chamou, prevendo a briga que ia nascer ali.

Karina: Vamos, meu amor. - Disse, maliciosa, dando o braço a Pedro. Esse engoliu o que tinha pra dizer e a acompanhou. Mas se ela estava pensando que isso tinha terminado ali, ah, ela estava redondamente enganada.


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Creditos Samilla Dias

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

20

Cobra: Pensei que não viesse mais aqui. – Sorriu, ao entrar no chalé e vê-la lá.

Karina: Eu gosto daqui. – Sorriu de canto, olhando o lugar

Cobra: Você gostava do Seth. – Observou, sentando-se perto dela. Karina não respondeu. – Tenho medo de que não goste mais de mim também. – Admitiu, encarando-a.

Karina: É diferente. – Ela sorriu, acariciando o rosto dele – Eu ainda gosto do Seth, gosto muito, foi o melhor presente que eu já recebi. – Cobra sorriu de canto – E eu amo você. É mais que gostar. – Passou o dedo na ponta do nariz dele.

Era a primeira vez que um deles dois admitia esse amor assim, com todas as palavras. Os olhos de Cobra arderam de alivio. Karina ainda estava ali. Oculta por uma camada de gelo, mas ainda era ela. Ela se inclinou e, ainda com a mão no rosto dele, o beijou. Cobra não parecia tão frio agora. Foi como sempre: O beijo começa calmo, vai esquentando, e quanto a coisa vai fugindo de controle, os dois se afastam, aos risos.

Karina: Bobo. – Sussurrou com a testa colada a dele.

Cobra: Me diz. – Ele começou, olhando ela – O que está te amofinando aqui dentro? – Perguntou, tocando o cabelo dela, que continuava severamente preso.

Karina: Cobra, eu sei que não devia perguntar, mas é que eu preciso saber. – Ela hesitou, e Cobra esperou, paciente. – Quem foi Vicki?

Cobra levou Karina pra caminhar perto do chalé, enquanto procurava as palavras pra explicar.

Karina: E então? - Pressionou, olhando-o

Cobra: Bom, Ka. Como você já deve saber, Vicki foi uma namorada do Pedro, de adolescência. - Começou

Karina: Ele disse que tinha esperado por mim a vida toda. - Lembrou irônica

Cobra: E ele esperou. Toda uma vida. Mas por uma vez, uma única vez, ele desistiu de você. - Explicou - Nós andávamos em festas, bailes. Quando se é um Ramos as portas se abrem pra você. Isso subiu a cabeça de Pedro. Era um adolescente insuportável. O preferido do nosso pai é claro. Tinha noitadas, bebia, se drogava. Em uma dessas noites conheceu Vicki.

Karina ouvia atentamente, montando a cena em sua cabeça. Pedro jovem, mas ainda com a mesma prepotência, e Vicki, em sua feminilidade exagerada.

Cobra: Uma prostituta, Ka. - Karina cerrou a sobrancelha. Essa ela não esperava - Sim. Conheceu-a em um bordel. Pedro se apaixonou por ela. Era toda risos e cortesias. O problema é que havia você. Ele era seu, por anos. - Karina assentiu - Essa mansão virou um pandemônio. Pela primeira vez Pedro se virou contra o nosso pai. Fazia João de pombo-correio. Deu certo, até que João se rebelou e se negou a ir. Mais brigas, mais discursões, e o nosso pai proibiu Pedro de ver ela. Então, ele resolveu fugir. - Disse, relembrando - Pegou pouca roupa, o dinheiro que tinha, e foi embora. Levou-a. Só que a mãe dele descobriu no dia, papai não estava aqui. Delma ficou descontrolada. Pegou um cavalo e seguiu o rastro dele sozinha. Encontrou-o aos arredores de Port Angeles. Bom, dessa parte eu não sei direito, eu não estava lá. Eu e João fomos atrás dela assim que mandamos avisar ao nosso pai, mas era tarde, e ela havia sumido.

Karina hesitou. Ela vira no jornal, foi justamente em Port Angeles que estava noticiado a morte de Delma e Vicki.


Cobra: Quando eu e João os encontramos, não era tecnicamente nada. Era um precipício. Delma jazia morta na beirada do abismo. João verificou. Pedro estava desmaiado não muito longe. A carruagem onde ele e Vicki fugiram eram destroços lá embaixo.

Karina considerou a história. Pedro fugindo com Vicki, Delma atrás pra impedir. E de repente, só havia Pedro. Mas...como?

Cobra: Quando Pedro acordou, estava desnorteado. Perdera a mãe e a mulher em um único golpe. Demorou a se recuperar. E então, perdeu tudo. Ele era feliz, Ka. Tinha alegria, havia vida em seu rosto. Depois ficou assim, mais insuportável do que já era. Ele não se lembrava de muita coisa. Só que Delma chegou, queria que ele parasse, mas ele não o fez. E então ele apagou. Quando acordou, estava no hospital. Foram tempos difíceis, Ka. Ele se apaixonou por uma prostituta, enquanto você era dele. Papai não ia manchar seu nome desfazendo o trato pra que ele ficasse com Vicki. Eu mandei Jade pra longe, por mais que me doesse, assim que nós nos casamos. Ela é sensível, não lhe faria bem.

Karina: Obrigado por me contar. - Sorriu, abaixando a cabeça. Mesmo sendo doloroso, era melhor saber a verdade.

Cobra: Um dia, todo esse inferno vai passar, minha Ka. - Ele prometeu, abraçando ela pelo ombro - Haverá crianças correndo por essa mansão, e isso não será mais que um passado obscuro. - Karina sorriu com a ideia, e ele lhe beijou a testa.


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Creditos Samilla Dias

quarta-feira, 2 de setembro de 2015

19


João: Agora escutem aqui, vocês dois. – Rosnou, raivoso, enquanto segurava Cobra, que mais uma vez tinha brigado com Pedro. Dessa vez João interferiu antes que os dois se embolassem, mas por pouco – Já chega dessa situação. Vocês se matarem não vai mudar o que já foi feito. Eu não quero ter que tomar medidas sérias em relação a isso. Vocês dois não são mais crianças. Entendidos? – Perguntou, sério, e ninguém ali teve coragem de desafiar a ira de João.

Juntos, Pedro, João, Bianca, Cobra, Tomtom e Théo terminaram de tomar café juntos. Théo, pra resumir, estava adorando ficar na casa de Pedro. Tinha Bianca, de quem ele gostava bastante, e era excitante assistir as brigas de Pedro e Cobra. Após tomar café rapidamente, Cobra preparou uma bandeja pra Karina e saiu da sala.

Cobra: Buon giorno. – Disse sorrindo, ao entrar no quarto da loura.

Karina: Molto bene. – Respondeu, sorrindo abertamente pra ele.

Cobra ajudou Karina a se sentar. Logo ela tomava café ao lado dele, e as vezes até conseguia rir.

Cobra: Eu vou precisar sair, tenho que resolver uns problemas. – O sorriso de Karina se fechou – Não fique assim. – Ele acariciou o rosto dela – Antes do almoço estarei de volta. – Sorriu torto, e Karina esqueceu do que estava reclamando.

Os dias foram se passando. O empregado que Cobra mandou a Alemanha voltou, trazendo uma caixa do creme que foi buscar.

Cobra: Olha o que eu trouxe. – Disse entrando com o pote com um gel transparente.

Karina: O que é isso? – Perguntou, olhando-o da cama

Cobra: Segredo. – Ele não queria dar a Karina a idéia de que ela possivelmente fosse ficar marcada. Só faria isso em ultima instancia.

Quando Cobra abriu o pote, um cheiro forte pairou pelo ar. Lembrava menta, hortelã, Karina não sabia direito, mas ardia no nariz. Karina cerrou os olhos quando Cobra abriu o feixe traseiro da camisola, deixando suas costas nuas.

Quando a mão dele, coberta pelo gel, tocou suas costas, ela esperou pela dor, mas ao invés disso o que veio foi alivio. Ela abriu os olhos devagar, ainda sentindo. A mão de Cobra era fria sobre sua pele, mas o próprio creme amortecia a dor.

Cobra: E então? – Perguntou olhando ela, ansioso – Dói?

Karina: Não. – Disse, sentindo o alivio que vinha das mãos dele – É bom. – Cobra sorriu.

Cobra: Ficará boa em breve, minha Selly. E voltará a correr feliz no seu cavalo, do jeito que eu gosto de te ver. – Karina sorriu, fechando os olhos.

O tempo continuou passando. Karina foi melhorando relativamente. Suas costas já estavam praticamente cicatrizadas. Só haviam umas marquinhas leves, que ao passar do tempo foram sumindo, graças ao empenho de Cobra. Pedro passava as noites velando seu sono, sem que ela soubesse. O médico voltou a visita-la, e recomendou que ela passasse um pouco do tempo deitada com a barriga pra cima, pra não prejudicar a pele, abafando-a todo o tempo. Era assim que Karina estava agora. A chuva, o vento e os trovões dançavam lá fora. Ela estava deitada de barriga pra cima, com os cabelos esparramados pelo travesseiro, e os braços ao lado do corpo. O quarto estava escuro, Cobra já havia ido dormir. Karina estava pensando sobre Pedro, sobre o que fizera com ela, sobre Vicki, sobre a adoração na voz dele quando chamava por ela. A injustiça era tão grande! Karina não tinha culpa, não pediu por esse casamento. E ainda, de brinde, Pedro quase mata ela por ter descoberto o maldito terceiro andar. O ódio tomou conta dela. E então uma dor diferente tomou ela. Era uma dor que cobria todo o seu corpo, desde as raízes do cabelo até os dedos dos pés. Uma dor semelhante a de um hematoma sendo pressionado. Karina ofegou, franzindo a sobrancelha.

Ainda de olhos fechados, flexionou a mão, mas descobriu que doía mais ainda. Passaram-se horas assim. Karina pensou que finalmente a morte tinha vindo lhe buscar, e teve ainda mais ódio. Que motivo idiota pra se morrer! Mas então, quando o dia foi amanhecendo, a dor foi passando, aos poucos. Karina abriu os olhos. Tudo parecia bem mais definido, agora que ela já tinha sua cabeça resolvida. Odiava Pedro. Ele iria pagar. O céu começava a se clarear, e ela se levantou. De onde arrumou forças, nem ela mesma sabia. Caminhou até o espelho. Se admirou de como estava. Antes teria se espantado, mas hoje se admirou. Seus cabelos não tinham mais um cacho. Eram apenas lisos, sem nenhuma volta, caindo pelas costas. Sua pele não tinha vida, era branca como a de um morto. Branca, como a de Pedro. Seus olhos eram de um azul frio, e era como se tivesse raspas de gelo por dentro. Porém, estava linda, pensou amargurada, consigo mesma.

João: Eu quero tomar café em paz. – Disse tentando acalmar a briga, mas a faca que estava em sua mão estava segurada em modo de ataque, como se ele fosse esfaquear alguém.

Karina: Bom dia. – Sorriu, fria, entrando na sala.

A primeira reação de todos foi o choque. Se não estivesse de pé, podiam considerar Karina morta, por sua cor. A segunda, foi o deleite. Ela prendera os cabelos em um coque apertado, onde nenhum fio se soltava. Usava um vestido cor de esmeralda.

Cobra: Selly, você não devia ter se levantado. – Repreendeu, ainda meio abobalhado.

Karina: Eu estou bem. – Sorriu. Sua voz também tinha mudado. Estava mais séria, mais grave – Bom dia. – Sorriu pra Pedro, e selou os lábios com os dele, em seguida indo pro seu lugar.

O café da manhã passou normalmente. Pela primeira vez em dias, Cobra e Pedro não brigaram mais, para satisfação de João.

Pedro: Karina? – Chamou, entrando no quarto

Karina: Sim? – Respondeu naturalmente, se virando pra ele.

Pedro: Você... – Ele observou-a por um momento – Você precisa de alguma coisa?

Karina: Porque precisaria? – Respondeu, dura. Ele assentiu, observou ela por uns segundos e saiu. Karina achou que ele parecia abatido, mas não deu atenção. Ele não merecia.

-

Cobra: Selly? – Chamou, entrando na sala. Karina ergueu os olhos pra ele. – Tudo bem?

Karina: Tudo. – Cobra continuou encarando-a. Ela riu – O que foi?

Cobra: Você está estranha, pra ser resumido. – Ele avaliou ela

Karina: Não é nada, só me sinto bem. – Sorriu de canto pra ele.

Cobra: Posso ajudar em alguma coisa?

Karina: Cobra! – Repreendeu, aos risos, o olhar investigador dele – Eu estou bem. Fique tranquilo.

Os dias foram passando. Karina não voltou a montar em Seth. Não sentia vontade. Ela e Pedro agora mantinham um relacionamento estranho, receoso da parte dele, e forçadamente agradável da parte dela. Pedro sentia remorso cada vez que olhava pra ela. Que diabo, o que havia feito com a Karina alegre e inocente?

Pedro: Karina? – Perguntou, mais uma vez entrando no quarto dos dois, onde ela terminava de prender os cabelos.

Karina: Sim? – Perguntou, indiferente

Pedro: Isso é seu. – Ele disse, e Karina viu a grande caixa nas mãos dele

Karina: Acha realmente que presentes vão resolver? – Perguntou, dura.

Pedro: Não é um presente. Se fosse, eu diria “isso é para você”. Mas isso é seu. – Ele pôs a caixa branca em cima da cama, saindo.

Karina observou Pedro sair com o olhar frio. Depois, a curiosidade lhe venceu. Se levantou e foi, sem emoção alguma, até a caixa. Tirou a tampa, pondo-a de lado, desdobrou o papel. Seu choque foi tão grande que suas mãos tremeram. Ela conhecia aquelas rendas. Puxou o vestido de dentro da caixa, e lá estava ele. Seu vestido de noiva. Intacto, como se nunca tivesse sido rasgado. Ela olhou, e a costura estava perfeita. As rendas pareciam nunca ter sido tocadas. Karina estremeceu. Sentia vontade, mas não chorou. Seus novos olhos se recusaram a lacrimejar. Ela ergueu o rosto, respirou fundo, colocou o vestido com todo o cuidado dentro da caixa novamente e o guardou.


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Creditos Samilla Dias