terça-feira, 7 de julho de 2015

15



Os meses foram passando normalmente. O relacionamento de Karina voltou a ser o pior possível. Brigas todos os dias, por todos os motivos. Pedro se irritava por tudo. Ela não respondia, sabia seu lugar. Mas tinha vezes que passava dos limites, ela jogava tudo pro alto, e eles só faltavam sair na mão. Karina se magoava muito com isso, mas suas única esperança era o dia, nem que fosse só um, em que o seu Pedro estaria livre de novo.


João: Théo deu problemas novamente. - Disse, após abrir uma carta - Renée pede pra que ele passe um tempo aqui, enquanto as coisas se acalmam por lá.

Bianca: Quem é Théo? - Perguntou, enquanto encostava a cabeça no ombro dele

João: Um primo. - Disse simplesmente envolvendo ela no braço, pousando a mão na barriga já saliente dela.

Pedro: Nem pensar. - Disse, erguendo os olhos

Cobra: Aquele garoto é um problema. - Disse interrompendo a conversa com Suri, que estava sentada em sua perna

Karina: O que ele tem? - Perguntou, confusa

Pedro: Visões. - Ele ergueu as mãos, revirando os olhos - Pra mim ele tem é algum distúrbio. Diz coisas sem pé nem cabeça, titulando como futuro.

João: Não podemos ignorar a carta. Vamos, é nosso primo, não deve demorar.

Pedro: Eu não vou cruzar o oceano pra buscar aquele menino. - Avisou

João: Eu posso ir. - Deu os ombros

Bianca: Quê? Ah, João, não! - Ela se apertou nele fazendo bico, ele riu, selando os lábios com os dela

Cobra: Eu posso ir. Aproveito pra ver a Jade.

Karina sentiu um buraco no estomago. Cobra longe não era uma coisa que pudesse suportar agora. Mas foi assim que ficou acertado. Cobra iria daqui a dois dias. Dois dias que se passaram insuportavelmente rápido. Karina estava no chalé, sozinha. A melancolia se apossava dela cada vez mais.

Estou pensando em você
Hoje à noite em minha solidão insone ♫


Cobra: Sabia que te encontraria aqui. - Disse, fechando a porta

Karina: Eu vou sentir sua falta. - Disse olhando a lareira

Se é errado amar você
Então meu coração não vai deixar agir certo
Porque me afoguei em você
E não sobreviverei sem você do meu lado ♫


Cobra: Eu também. Mas, ei, antes que você possa sentir, eu vou estar aqui. - Ele se postou atrás dela, alisando seus braços

Karina: Você é a única coisa que eu tenho, Cobra. O único que me anestesia tudo o que eu vivo aqui. - Ela disse, olhando o fogo lamber os pedaços de madeira na lareira - Não me tome por idiota, é só ruim pra me adaptar.

Cobra: Não acho que você seja idiota. Não demorarei, eu prometo. Deixarei meu coração aqui, como garantia. - Ele sorriu pra ela.

Eu daria tudo de mim para ter
Só mais uma noite com você
Eu arriscaria minha vida para sentir
Seu corpo junto ao meu ♫


Karina sorriu involuntariamente. Era um dom que Cobra tinha: faze-la sorrir mesmo quando ela se sentia morrer. Ela se virou pra abraça-lo, mas terminou se batendo no braço dele. Quando ela o olhou, o rosto dos dois ficaram a centímetros. O topázio dos olhos dele era liquido, quente. Karina o olhou por um bom tempo. Cobra ergueu a mão, tocando a maçã do rosto dela com as costas da mão. Antes que pudesse pensar, Karina se lançou no pescoço dele, beijando-o. Cobra cambaleou com a surpresa, mas retribuiu o beijo. Karina foi levada por um choque ao sentir os lábios frios dele com os seus. Um tempinho depois, ela se separou dele, pronta pra se ajoelhar e pedir desculpas até a morte. Mas ele encarou ela de um jeito tão diferente, que ela perdeu o fio do pensamento. Então ele puxou ela pela cintura novamente, puxando-a pra um novo beijo, e nada mais fazia sentido ali.

Porque eu não consigo deixar de
Viver na lembrança de nossa canção
Eu daria tudo de mim pelo seu amor hoje à noite ♫


Cada segundo parecia duas vidas enquanto Karina enlaçava os braços no pescoço de Cobra. Beijar ele era completamente diferente de Pedro. Pedro era quente. Cobra era frio como gelo. Mas de que diabos isso importava, agora que seu coração parecia que ia sair do corpo? Estar nos braços dele foi a maior plenitude que ela provou desde que descobriu que era a "prometida" do terceiro Jonas. Pra Cobra era novo também. Que diabos ele estava sentindo por aquela mulher? Ela era sua cunhada, por Deus. Mas ele necessitava disso, agora ele sabia, ela era o seu chão.

Karina: E agora? - Perguntou confusa, quando o ar faltou e os dois se separaram, ofegantes. Ainda tinham a testa e os corpos juntos.

Cobra: Agora esse vai ser o seu segredo. O meu segredo. O nosso segredo. - Karina riu da conjugação que ele fez. Ele sorriu

Karina: Até quando? - Perguntou, perdida nos olhos dele

Cobra: Até... Pedro descobrir e queimar nós dois vivos. - Karina fez uma careta e ele riu.

Baby, você pode me sentir
Imaginando que estou olhando em seus olhos ♫


Karina: Não demore. Por favor, Cobra, não demore a voltar pra mim. - Ela pediu, franzindo a sobrancelha. Não queria que ele fosse.

Cobra: Logo estarei aqui. De volta pra você. - Ele sorriu de canto - Ansiosamente, se ainda me quiser. - Ela riu. Ele inclinou-se novamente e a beijou. Medo. Felicidade. Paixão. Ansiedade. Remorso. Vários sentimentos se entrelaçavam ali, mas não importava. Depois ele foi embora, deixando Karina com seus pensamentos. Agora ela tinha uma perspectiva. Era desejada. Desejava.

Pedro: Onde você estava? - Perguntou quando ela entrou em casa, rumando a escada pro segundo andar

Karina: Andando a cavalo. - Respondeu sem dar atenção. Em parte era verdade. Agora que tinha Seth, era muito mais fácil ir e voltar do chalé.

Pedro: Cobra já foi. Estranho você não ter vindo se despedir dele. Pensei que fosse seu amigo. - Pressionou, desconfiado

Karina: E ele é. Eu o encontrei no caminho. Já me despedi. Com licença. - Ela deu as costas e subiu as escadas. Tinha um sorriso no rosto ao entrar no quarto. Pelo menos Pedro estava pagando pelo que lhe fazia. O rosto de Cobra estava aceso em sua memória, como um ultimo sopro de ar a quem estava se afogando.


Mas ela não morreria. Ela se apegaria a isso com tudo o que pudesse. Era sua salvação. Ela sorriu ao entrar no banheiro. Se sentia mais bonita. Não sabia se era o rosto corado, se era impressão sua, ou se a cor de seus cabelos estava mais viva. Ela riu de si mesma enquanto ia abrir a torneira pra encher a banheira. Parecia uma adolescente, pensou consigo mesma. Os dias foram passando. O remorso invadiu Karina. Não por Pedro, que ele fosse pro diabo, mas por Jade. Cobra estava com ela agora. Longe. Isso definitivamente não ajudava em nada.

João: Carta do Cobra. - Disse, remexendo as correspondências. Karina ergueu o rosto, olhando-o enquanto ele lia o papel - Disse que está tudo bem por lá, a viagem foi tranquila, todos estão bem. - Ele revistou o papel - Diz que está ansioso pra voltar, mais que o normal. - Ele franziu o cenho, lendo o papel. Karina empalideceu. Que diabos Cobra havia escrito ali? - Manda lembranças a Karina. E é só. - Ele passou a outras cartas.

"Fizera de propósito.", pensou Karina, reprimindo um sorriso. Era típico de Cobra provoca-la. O tempo de Karina era vago. Vago demais.

Suri: O que você tá fazendo? - Perguntou num dia de tarde, entrando na sala de estar. Bianca tricotava uma touquinha branca pro bebê, e Karina bordava um pano

Karina: Hum? Ah, nada, só tava... - Ela arregalou os olhos. No tecido branco havia, bordado em vermelho, "Cobra". O A estava em andamento. - Só estava bordando. Não tinha nada pra fazer. - Sorriu, tirando o lenço que bordava da forma

Suri: Porque tá queimando?  - Perguntou ao ver Karina jogar o lenço nas chamas da lareira

Karina: Não estava adequado. - Sorriu, voltando ao seu posto. Se pôs a bordar lenços, jogos de cama, tudo pro chalé. Pelo menos serviria de alguma coisa.

Suri: Eu sinto falta dele, também. - Observou enquanto se sentava ao lado de Karina - É claro que agora é melhor, já que eu posso sair do quarto, mas ainda assim. - Karina sorriu, triste.

Mas os dias foram passando, e não havia mais o que bordar. Cobra não voltou. Karina expulsava a todo custo a melancolia dentro de si, mas não era fácil. Nem animo pra discutir com Pedro mais ela tinha. Cobra não escreveu, sabia que era arriscado demais. Mas não ter noticias dele era pior.



Creditos: Samila Dias

sexta-feira, 3 de julho de 2015

14


Quando Pedro voltou ao banheiro, depois de deixar o terno e o colete em cima da cama, Karina estava brincando com a espuma. Ela pegou uma mão de espuma com a mão boa, e assoprou, fazendo voarem bolinhas de sabão. Ele sorriu e se aproximou.

Pedro: Está melhor? - Perguntou, sentando-se perto dela de novo

Karina: Um pouco. Não está doendo tanto. - Ela analisou, fechando a mão lentamente

Pedro: Eu cheguei a pensar que ia precisar chamar um médico, pra suturar. - Disse enquanto pegava a mão dela entre as suas, acariciando as costas da mão dela.

Pode ser difícil sermos amantes
Mas é mais difícil sermos amigos;
Querida, levante os lençóis!
Está na hora de me deixar entrar ♫


Pedro estava preocupado com ela. Sim, ele estava. O Pedro que ela amava estava ali, ao seu lado. Ela podia gritar de felicidade, se quisesse. Era tão bom vê-lo livre. Ficou observando-o enquanto ele acariciava sua mão. Uma vontade descontrolada de beija-lo tomou conta dela, mas ela se fincou na banheira. Não podia ser assim.

Pedro: O que foi? - Perguntou ao ver a expressão relutante no rosto dela

Karina: Hum? Nada, nada. - Ela sorriu, nada convincente. Ele continuou observando-a. Ela se amaldiçoou dos pés a cabeça ao sentir o sangue subindo pro rosto.

Pedro: Então porque "nada" está te fazendo corar? - Perguntou, tocando a maçã do rosto dela com os polegares - Me diz o que você quer. - Ele pediu, observando-a.

Talvez acender algumas velas;
Eu apenas irei trancar a porta;
Se você ao menos conversasse comigo
Até deixarmos de ser estranhos ♫


Karina ficou observando o marido, seu milagre pessoal, parado ali. Sua vida seria tão perfeita, tão fácil, se fosse assim todo o tempo. Ela, involuntariamente, humedeceu os lábios com a língua. Pedro sorriu ao perceber o que era. Ele pousou a mão dela em seu colo, e colocou a mão no pescoço dela, enquanto se segurava com a outra na borda da banheira. A inicio ele deixou os lábios levemente pressionados contra os dela, dando-a a ânsia por mais. Ele entreabriu os olhos um nadinha, e viu a sobrancelha dela levemente contraída de ansiedade. Karina estava torturada. Não sabia quanto tempo isso ia durar, e queria desfrutar daquilo o máximo que pudesse. Mas Pedro não se movia. Sabendo plenamente que ia ter um acesso de vergonha depois, ela arriscou. Pôs a mão boa na maxilar dele, e timidamente, fez a ponta de sua lingua tocar os lábios dele. Pedro sorriu ao sentir isso. Desistindo de provoca-la, ele, após passar a mão possessivamente por seu rosto, invadiu a boca dela. Karina ofegou, feliz com isso. O tempo passava, e os dois ainda estavam ali, um devorando os lábios do outro. Quando a necessidade por ar gritou dentro dos dois, ele, com dois selinhos, se separou dela.

Coloque a cabeça em meu travesseiro,
Eu sentarei ao seu lado na cama;
Você não acha que está na hora
De dizermos algumas coisas que não foram ditas? ♫


Pedro: Era isso? - Perguntou, divertido, observando a boca dela ganhar uma tonalidade rosa forte. Karina se afundou na agua, encobrindo o rosto, rubra de vergonha. Ele riu. - Oi? - Chamou, acariciando os cabelos dela, que ficaram do lado de fora d'agua

Karina: Pare com isso. - Reclamou, voltando a superfície.

Nunca é tarde para voltar àquele lugar,
De volta pelo caminho que nós estávamos;
Por que você não olha para mim
Até deixarmos de ser estranhos? ♫

Pedro observou Karina por um bom tempo. Ela não se incomodava com isso. O olhar desse Pedro era um elogio, enquanto o do outro era sempre uma ofensa, uma acusação. Ela o encarava, os olhos castanhos. Depois de alguns minutos olhando-a, ele avançou pra ela de novo. Dessa vez a mão dele a ergueu pelas costas. Ela o abraçou, uma mão pelo pescoço e a outra na cintura, arrepiando-se ao sentir seu corpo molhado contra a roupa seca e quente dele. Pedro devorava os lábios dela sedentamente. Bruto, como sempre. Do jeito que ela amava. Ele sorriu de canto ao sentir ela morder seu lábio inferior, puxando-o um pouco, sem machucar. Entre beijos, Karina, perdendo de vez o resto de compostura que tinha, o puxou pra si, fazendo-o escorregar pra dentro da banheira. Ele riu contra a boca dela enquanto empurrava os sapatos com os pés, depois deixando o corpo afundar, de roupa e tudo, indo de encontro ao dela.

Às vezes é difícil de me amar,
Às vezes é difícil de te amar também,
Eu sei que é difícil de acreditar
Que o amor pode nos salvar ♫


Entre beijos, apertos, caricias e afiliados, os dois se entendiam. A certo ponto, Pedro sentiu Karina puxando-lhe pela gola da camisa. Era a primeira vez que ela tomava a iniciativa, ele lembrou, enquanto sentia as mãos dela desabotoarem sua camisa. Era totalmente diferente pra Karina agora. Ela não tinha medo. Ela queria ser dele, e era só. Ao sentir ela terminar de abrir a camisa, Pedro desceu com os beijos pro colo dela, sentindo ela acariciar seu peito, livrando-o da camisa. Logo aquele bolo de tecido branco encharcado foi jogado ao lado da banheira. A luminosidade no banheiro era da enorme janela do quarto. Tempos depois, a roupa que sobrava em Pedro era um bolo coberto de espuma, menos as meias, que se perderam na banheira, arrancando risos dos dois. A boca de Karina, pescoço, colo e seios agora tinham marcas vermelhas, por onde a boca sedenta de Pedro passou. Ele estava sentado de costas pra banheira, encostado na beira, e ela sentada em sua coxa. As mãos dele, uma estava na cintura, e a outra no pescoço dela, puxando-a pra si enquanto seus lábios devoravam os dela. Karina não lembrava mais quem era nesse estagio. Ela só sabia que seu corpo inflamava, pedindo por ele. O único problema era que ela não sabia o que fazer. Nunca tinha nem pensado em guiar a situação, muito menos em como seria faze-lo. Porém, não foi preciso muito. Devido a excitação dos dois, seus corpos pareciam lutar pra se unir, instintivamente.

Seria tão mais fácil viver sem problemas
Então apenas me abrace, querida
Até deixarmos de ser estranhos ♫

Pedro: Abra os olhos. - Pediu, segurando-a pela cintura, evitando invadi-la. Karina queria obedecer, mas suas pálpebras estavam pesadas demais, tal como sua sofrida respiração - Ka, olhe pra mim. Eu quero que me veja. - Ele pediu de novo, acariciando o rosto dela com a mão livre. Karina, com muito esforço, abriu os olhos. Sua visão estava embaçada, mas ela viu claramente o verde dos olhos dele, ardendo, encarando-a. - Assim... - Murmurou, enquanto soltava a cintura dele devagar.

É difícil encontrar o perdão
Quando apagamos as luzes;
É difícil dizer o quanto se está arrependido
Quando não diferenciamos o certo do errado ♫


Karina tentou manter os olhos abertos enquanto sentia ele escorregar carinhosamente pra dentro de si. Mas em certo ponto se tornou impossível. Seus olhos piscavam pesadamente, e com um gemido derrotado ela abaixou a cabeça, deixando-a pousar na curva do pescoço dele.

Seria tão mais fácil passar a vida inteira apenas acertando;
Então vamos resolver isso,
Não há razão para mentirmos ♫


Pedro: Se segure em mim. - Ele orientou ela, rouco, pondo as mãos dela em seu ombro - Desse jeito. - Ele começou a movimentar-se, guiando-a.

Karina não demorou muito a aprender. Seu corpo só faltava gritar o que queria, e isso parecia o certo. Era diferente dessa vez. Em minutos depois os dois se amavam com ganância, com paixão. Karina tinha a boca entreaberta, os olhos cerrados, perdida pelo que sentia. Suas unhas estavam cravadas nos braços dele, mas ele não parecia se importar. Tinha o rosto descansado no ombro dela, soava um pouquinho. As vezes beijava ela. Em um ponto, o olhar de Karina se cruzou com o dele. Os dois sorriram. Tempos depois o banheiro foi invadido com gemido alto de Karina, misturado com o de Pedro. Ela desabou sobre o peito dele, ofegante, satisfeita, com um sorriso de canto no rosto. Ele acolheu ela com os braços, ainda de olhos fechados, com a respiração sofrega.

Me diga quem você vê quando você olha em meus olhos;
Vamos unir os nosso corações novamente,
E deixaremos os pedaços quebrados no chão ♫


Pedro: Sua mão. - Ele disse após vários minutos de silêncio, ao ver a mão dela descoberta. O lenço havia soltado, e agora o corte sangrava fracamente.

Karina: Eu não vi. - Ela disse, olhando a mão - Mas está tudo bem. Entre mortos e feridos... - Interrompida

Pedro: Salvaram-se todos. - Ele revirou os olhos e ela riu, divertida. - Vamos sair daqui, está ficando frio. - Ele disse depois de dar um beijo na testa dela, alcançando uma toalha

Faça amor comigo, baby
Até deixarmos de ser estranhos.
Nós não somos mais estranhos ♫


P&K sairam da banheira calmamente. Pedro deu uma camisola leve, de linho, cumprida pra Karina vestir, enquanto secava o cabelo. Ela estava sonolenta, cansada, e franziu o cenho. Ainda teria o jantar, ela tinha que se arrumar, mesmo que seu corpo gritasse por sono. Ele insistiu pra que ela colocasse a camisola. Ela obedeceu. Depois, soltou os cabelos e penteou-os. Sentou-se na beira da cama esperando o marido terminar de se aprontar.

Karina: Eu ainda preciso jantar. - Disse, os olhos quase fechando de sono.

Pedro: Eu mando trazerem o seu jantar aqui. Vou dizer que você está indisposta. - Ele sorriu de canto enquanto enrolava a mão ferida dela com uma atadura.

Ao terminar, Karina foi pra debaixo dos lençóis. Ele ajeitou o cobertor dela, que sorriu.

Pedro: Durma bem. - Disse antes de beijar-lhe a testa. Logo depois saiu. Karina apagou em seguida, estava exausta. Talvez tudo isso fosse um sonho, e logo ela acordaria, pensou enquanto apagava.

Pedro só voltou pro quarto de madrugada. A chuva parecia tentar derrubar a mansão. Ele fechou a porta do quarto silenciosamente, e se virou pra Karina. Ela dormia tranquilamente, algumas mechas de seu cabelo espalhadas pelo rosto, a mão levemente apoiada próxima ao queixo. Ele se aproximou da cama, sua maxilar estava travada, contraída, como se ele estivesse sentindo uma dor muito forte, quase insuportável. Observou ela por uns minutos, depois, balançando a cabeça negativamente, se afastou.



Karina acordou na manhã seguinte, sem querer acordar. Não tinha esperanças. Tudo voltaria a ser como era antes. Ela abriu os olhos, dando de cara com o dorsal da cama. Ao olhar pro lado, Pedro ainda estava lá, se arrumando, com os cabelos levemente molhados.

Karina: Bom dia. - Ela disse, meio rouca, fazendo um ultimo teste.

Pedro: Bom dia. - Respondeu, indiferente, enquanto fechava o colete.

Karina suspirou, derrotada. Se levantou e passou por ele em silêncio, entrando no banheiro e fechando a porta. Parou na frente do enorme espelho que havia ali. Seu rosto parecia mais vivo, as maçãs mais avermelhadas, porém o azul de seus olhos estava quase morto. Ela passou a mão no rosto, e foi tomar um banho frio, pra despertar os animos. Quando saiu, ele não estava mais lá.

Bianca: Selly? - Bateu na porta levemente

Karina: Entra, Demi. - Ela disse, entrando em seu vestido. Bianca entrou no quarto e fechou a porta.

Bianca: Agora, me conta t-u-d-o. - Disse, ansiosa - Porque você não foi jantar ontem? Não me confirma aquela história do mal-estar, porque eu sei que você passou a tarde toda trancada aqui dentro com ele. - Karina revirou os olhos - Deixa que eu amarro. - Se ofereceu, indo pra trás da irmã

Karina se apoiou na penteadeira, enquanto Bianca começava puxar os cordões do vestido.

Karina: Aconteceu o que você está achando que aconteceu. - Respondeu simplesmente, puxando o decote do vestido pra cobrir uma marca de Pedro que não sumiu.

Bianca: JURA? - Karina repreendeu o grito dela com o olhar - Desculpa. - Ela balançou a cabeça, se acalmando. Selly riu disso. Bianca era tão espevitada, que chegava a ser engraçado - Onde? - Ela perguntou, animada, enquanto puxava outro cordão com força

Karina: Lá. - Ela apontou pro banheiro - Na banheira. - Observou, enquanto olhava

Bianca: Banheira? - Perguntou, com um sorriso nascendo na boca - Eu nunca tentei a banheira. - Lembrou. Karina riu. - E depois?

Karina: Depois ele foi jantar, e eu despenquei de sono. Hoje de manhã voltou tudo a ser como era antes, no quartel de Abrantes. - Ela viu o sorriso de Bianca desmoronar


Bianca: E você não tá irritada, como sempre? Aborrecida? - Perguntou, laçando o corpete

Karina: Não. - Bianca a olhou pelo espelho, confusa - Quando você consegue uma coisa com que sonhou por muito tempo, é irracional lamentar porque durou pouco. - Disse, com o olhar baixo - Se é pra ser assim, vai ser assim. Cansei de brigar, de discutir. É desgastante.

Bianca: Torço pra que dê certo com ele, Selly. No fundo ele gosta de você. - Karina sorriu de lado - Mas vem cá, voltando a história da banheira, - Interrompida

Karina: Pode parar, Bianca Lovato - Se virou, rindo - Qual o seu problema? - Perguntou enquanto Bianca avançava, saltitante, pro banheiro.

Pedro ouvira toda a conversa. Ele ia entrar no quarto, mas parou pra ouvir quando ouviu seu nome. Agora tinha um sorriso distante no rosto, o olhar pensativo. Ele se afastou balançando a cabeça negativamente e rindo baixo quando Bianca começou o interrogatório contra os prós e os contras da banheira, e Karina gritou, mandando-a calar a boca. 


Comentem Gattonas.

Creditos: Samilla Dias

quarta-feira, 1 de julho de 2015

13

Junto com Cobra, o medo de Karina voltou. E se Pedro realmente fosse um vampiro? Ela agora observava ele comer. Ele parecia tranquilo, distante, enquanto almoçava. Vampiros não comem, ela se lembrava a todo tempo.

Karina: Tó. - Ela disse, impulsivamente pegando a concha da mão dele enquanto ele se servia. Colocou em seu prato uma quantidade bem maior do que o normal. Bianca não deu atenção, João olhou, Tomtom franziu a sobrancelha, achando graça. Cobra disfarçou o riso com um tossido. Pedro, que estava com a boca cheia, ergueu a sobrancelha.


Pedro: Qual o seu problema? - Perguntou após limpar a boca com o guardanapo, encarando-a, desconfiado.


Karina: Nenhum. - Disse, voltando ao seu lugar, após deixar o prato dele com uma montanha adicional de comida. - Bom apetite. - Ela apontou a comida sugestivamente, apoiando o rosto nas mãos, e encarando-o.

Pedro a encarou por um momento, depois deu os ombros e voltou a comer. Comeu metade do que Karina colocou, dando-se por satisfeito. Ela só beliscou um pouco da sua comida, olhando-o fixamente. Esse era o lugar mais chuvoso na terra, como ela ia arrastá-lo pro sol? Os dias foram passando, calmamente. As noites, em sua maioria, eram tomadas por tempestades.

Karina: Tá tarde. - Ela murmurou sentada numa poltrona, com o livro - Tarde demais - Concluiu ao olhar o relógio. Passavam das três da manhã. Todos já haviam ido se deitar, mas ela ficou lendo.


Reprimindo um bocejo, ela fechou o livro, pôs em seu lugar e caminhou pro seu quarto. A chuva açoitava as janelas do lado de fora. Quando ela entrou no quarto, Pedro dormia com a barriga definida virada pra cima, um braço forte caído pro lado da cama. "Um coração que não batia", foi o que veio na cabeça de Karina a inicio. Ela caminhou até ele na ponta dos pés, colocando-se ao seu lado. A respiração dele era superficial, calma. Karina observou o marido por um tempo. Se fosse sempre assim, sem aquela mascara de raiva e frieza, tudo seria tão diferente.
 Ela ergueu a mão, hesitante. Tocou o peito esquerdo dele por um momento, admirando-se da musculatura definida que tinha. Logo após concentrou-se. Deixou a cabeça cair pro lado, como uma criança curiosa, ao sentir um leve tamborilar por debaixo dos dedos. Ela fez um pouquinho mais de pressão. O tamborilar do coração de Pedro continuou, ritmado, calmo. Ela se prendeu a aquilo. Mas um item pra tirar da lista, ela pensou, surpresa.

Pedro: É, está batendo. - Ele murmurou rouco, ainda de olhos fechados. Karina se assustou e se levantou as pressas, mas ele segurou o seu braço - Bu! - Sussurrou divertido, abrindo os olhos. O toque quente dele inflamava na pele dela.

Musica: Till we ain't strangers Anymore - Bon Jovi

Karina: Você e essa maldita mania de me assustar. - Pedro riu, os dentes refulgindo perfeitamente a luz de um trovão. - E me solte. - Pediu, tirando a mão dele.

Pedro: O que você estava pensando, petit? - Perguntou, divertido


Karina: Nada. - Se defendeu - Eu só estava... estava... tocando
 em você. Não posso mais? - Pedro ergueu a sobrancelha, irônico

Pedro: Quer dizer que agora você quer me tocar. - Ele observou, ainda rouco do sono. Ele puxou ela de vez, fazendo-a sentar-se em seu colo, e se sentando também. Karina o encarou, surpresa. - Tudo bem, então. - Ele sorriu, simplesmente e a beijou.


Coloque a cabeça em meu travesseiro,
Eu sentarei ao seu lado na cama;
Você não acha que está na hora
De dizermos algumas coisas que não foram ditas? ♫


Havia tempo que ele não a beijava. Sua mão era possessiva dentro dos cabelos dela, puxando-a pra si, enquanto seus lábios se oprimiam. O gosto dela era ainda mais doce do que sua memória lhe dizia. Já ela estava inebriada até por seu cheiro. Minutos depois, ou poderiam ter sido vidas, o ar acabou, o que o fez descer os beijos pro pescoço dela, ávido. Karina sentia a boca latejar enquanto os lábios dele lhe acariciavam a pele. "Perto demais da garganta.", seu subconsciente lhe avisou.


Karina: E-espera. - Ela murmurou, encolhendo o pescoço. Pedro riu com a boca pousada no ombro dela


Pedro: Qual o problema? - Ele perguntou perto do ouvido dela. O hálito quente dele fez ela perder o rumo por um tempo. Qual era o problema mesmo?


Karina: É tarde. - Ela disse, pegando o rosto dele dentre as mãos. Ela o encarou por um instante. Pedro prendeu o riso vendo o rosto atônito dela. Por esse momento, ele se esqueceu de odiá-la, esqueceu-se de tudo. Ela apenas era sua mulher, só isso. - Você precisa dormir descansar. - Pedro assentiu, mordendo a língua pra não rir - Boa noite. - Ela selou os lábios com os dele demoradamente, antes que pudesse se refrear, depois fez impulso pra se levantar.

Nunca é tarde para voltar àquele lugar,
De volta pelo caminho que nós estávamos;
Por que você não olha para mim
Até deixarmos de ser estranhos? ♫


Pedro a puxou de volta com tudo, fazendo-a soltar um gritinho de susto, e rolando de lado, colocando-a deitada em seu lado da cama, de costas pra ele, mas ainda abraçando-a pela cintura. Ele deu uma mordida de leve na nuca descoberta dela, e Karina gritou se jogando pra fora da cama, caindo ajoelhada. Ele riu ainda mais enquanto se ajeitava em seu lugar. Karina, mesmo com medo, sorriu, enquanto tirava o hobbie se preparava pra dormir.
 

Karina acordou cedo naquele dia. Tomtom tinha uma pilha de espartilhos sujos, e ela não podia manda-los pra lavanderia, ou Pedro os confiscaria. Karina ia, ela tremeu só de pensar nisso, lavar tudo. Pedro, como sempre, não estava mais lá. Ela pegou a pilha de espartilhos e partiu pra lavanderia da mansão. Lá haviam várias pias enfileiradas, os produtos armazenados em caixas. Era um pouco elevada do chão, e no corredor que ficava em baixo dava passagem a dispensa. Karina começou desastrada, mas depois pegou o ritmo. Não era tão ruim.

Pedro: Depois dê a relação completa a Rosa, ela fica encarregada dessa parte. Por ultim... - Ele dava ordens a um empregado que seguia ele, anotando o que dizia. Parou quando passou pelo corredor da dispensa. A pessoa pra lavar alguma coisa tinha que ficar agachada. Ele nunca dava atenção quando passava ali. Mas ele conhecia bem aquele par de pernas, descobertos pelo luxuoso vestido azul marinho. Já havia visto, já havia tocado, já havia acariciado. - Vá. Faça o que eu mandei, e se faltar algo, consulte João. - Ordenou, olhando fixamente as pernas de Karina pelo vão da pia.

Karina, por estar atrás da pia, não via o corredor abaixo. Estava cantarolando distraidamente enquanto lavava um espartilho, e não viu Pedro se aproximar. Ele se fixou atrás dela, observando-a atentamente.


Karina: Mas o que... - Ela se virou, pra olhar o que fazia sombra nela. Quase teve um enfarte. - Ai! - Ela escorregou no chão molhado e ia dar de cara na agua, mas as mãos de Pedro a seguraram pela cintura antes que ela pudesse se molhar


Pedro: Será que você pode me explicar porque diabos as pernas da minha mulher estão expostas na bancada dos empregados? - Ele perguntou calmamente, após por ela de pé.


Karina: Eu estava, estava... como você soube que as pernas eram minhas? - Perguntou, indignada

Pedro: Eu conheço cada pedaço seu, Karina. - Karina revirou os olhos - Ok. Vamos ver. Você não prende os cabelos porque acha que as pontas deles ficam como feno. - Karina arregalou os olhos. Como ele sabia disso? - Você usa as três ultimas laçadas do corpete mais folgadas, porque acha vulgar deixar os seios pressionados. - Ela corou violentamente. Pedro sorriu, triunfante. - Você tem um sinal, uma pintinha minima, na parte interior da coxa esquerda.

Karina: Já chega! - Ele riu - Eu entendi.


Pedro: Porque está aqui? - Perguntou sério.


Karina: Eu não tinha nada pra fazer. - Mentiu. Sabia que fora um lixo, mas foi o que veio a mente - Estava...entediada. - Concluiu


Pedro: Entediada? - Ele riu - Deixe-me ver. - Ele olhou a roupa que ela lavava - Ah, você me desobedeceu. Pensei ter mandado deixar isso lá. - Ele lembrou, duro - Mas sem problemas, se você estava entediada, me deixe te ajudar. - Ele segurou ela pelo cotovelo, levando-a pra fora da lavanderia.


Karina não sabia o que esperar. Pedro passou pela área dos empregados, chegando a cozinha.




Pedro: Rosa. - Ele disse malévolo - Karina fará a faxina da casa hoje. - Rosa arregalou os olhos e Karina engasgou - Você não estava entediada? - Perguntou frio - Então. Ela vai limpar varrer, lavar, tudo o que houve pra ser feito. - Ele se virou pra Karina, que ainda procurava achar sua voz - Coitada da Tomtom se eu voltar e essa casa não estiver um brilho. - Ele avisou duro - Tenha um bom dia, meu amor. - Disse ironicamente e selou os lábios com os dela, antes de sair, deixando Karina atônita.

Pedro não voltou pro almoço. Karina trabalhou como uma condenada durante toda a manhã.

Cobra: Ka? - Franziu o cenho ao vê-la começar a lustrar a mesa da sala.

Karina: Como? - Perguntou, distraída - Ah, oi. - Sorriu, cansada


Cobra: O que você tá fazendo? - Perguntou se aproximando


Karina explicou tudo sobre os espartilhos de Tomtom, o ocorrido na lavanderia pela manhã, e o que Pedro dissera. Quando terminou, foi pra cozinha, acompanhada de Cobra.


Cobra: Isso é absurdo. - Rosnou, tomando o paninho da mão dela - Você não vai limpar nada. Eu não vou permitir. Deixe que de Pedro eu cuido. - Karina nunca havia visto Cobra tão irritado. Nada bom, pensou consigo mesma. A ultima coisa que precisava era Cobra brigando com Pedro por sua culpa.


Karina: Não! - Ela pegou o paninho dele - Olha, eu não quero brigas com Pedro. Não hoje. Eu o desobedeci. Esse é o preço. Por favor, por favor, não interfira Cobra.


Cobra: Mas, Ka... - Interrompido


Karina: Por favor. - Implorou de novo - Agora eu preciso... eu tenho muito a fazer. Licença. - Ela saiu da cozinha, deixando Cobra incrédulo.


A tarde passou normalmente. Cobra mandou um mutirão de empregados fazerem o trabalho na frente de Karina, mas não haviam empregados suficientes pra limpar a toda a mansão antes da loura continuar. Longe dali, na entrada da fazenda, Pedro voltava pra casa, tranquilo.


Rosa: Senhor. - Interpôs aproximando-se do cavalo de Pedro, que a encarou - Ela está se machucando, senhor. - Lamentou - Eu sei que ela errou, mas ela já fez o suficiente e... - Interrompida


Pedro: Do que está falando? - Perguntou, franzindo o cenho


Rosa: Do castigo que deu a senhora. Ela já fez muito, está exausta, e está se machucando. Não ouve ninguém que a mande parar.


Pedro: Mas que... - Ele não completou a frase, esporeou o cavalo, disparando a galope em direção a mansão. Karina devia ter enlouquecido se estava fazendo o que ele pensava que estava.

Pedro praticamente voou do cavalo ao chegar na frente da mansão. O cavalo nem tinha parado e ele desmontou, disparando pra dentro de casa. Foi direto a cozinha, sabia que ela estava lá. Parou, travado a porta. Karina estava lavando uma pilha de louças. O olhar dele voou pra mão dela. O dedo indicador da mão esquerda sangrava fluidamente, enquanto ela insistia com uma taça.

Pedro: O que você está fazendo? - Perguntou sério

Karina: Ai! - Ela deixou a taça escorregar com o susto. A taça bateu no batente da pia, e na tentativa falida de Karina evitar a queda, richocheteou vidro pra mão dela. Ela fechou o punho instintivamente. O cristal lhe cortou profundamente a palma da mão esquerda. Segurando o punho, ela largou o caco de vidro, que bateu no chão, enquanto o sangue inundava sua mão.

Pedro: Não se machuque assim. - Ele murmurou, se aproximando dela.

Mas Karina escondeu a mão nas costas. Se Pedro fosse um vampiro, ela não queria, de jeito nenhum, ter seu sangue tão exposto.

Pedro: Vamos, eu não bebo isso, petit. - Disse após revirar os olhos, pegando a mão dela. - Olha o que você fez. - Ele balançou a cabeça negativamente enquanto o sangue de Karina manchava sua mão.

Karina: O que eu fiz? - Ela disse, olhando ele enquanto ele avaliava seu corte. - Foi você quem me mandou limpar tudo, a culpa é sua. - Disse, ressentida

Pedro: Por Deus, eu estava blefando, Karina. - Ele meteu a mão dentro do palitó, tirando um lenço branco de linho, cuidadosamente dobrado de dentro

Karina: Suas mudanças de humor estão me deixando desorientada. - Murmurou, enquanto ele sacudia o lenço, desdobrando-o.



Karina gemeu quando a mão de Pedro lhe tocou o corte, por cima do lenço. Ele enrolou a mão dela, e o lenço que era alvo, foi ficando cada vez mais vermelho. Ele levou ela pro andar de cima, abrindo a porta do quarto dos dois. Karina estava ficando tonta pelo sangue que perdia, então, não reclamou quando ele entrou no banheiro do quarto com ela.

Pedro: Eu preciso fazer isso parar de sangrar. - Disse a si mesmo, enquanto colocava a mão dela debaixo d'agua. Karina suspirou de alivio. A agua ajudava. - Mantenha a mão ai. - Disse enquanto ia pra trás dela.

Karina: O que você está fazendo? - Perguntou ao sentir ele desenlaçando seu vestido. Depois se tocou. Se ela pudesse pedir uma coisa nesse momento, seria um banho. Ele terminou de tirar a roupa dela pacientemente enquanto enchia a banheira. Depois que ela, se sentindo fraca demais pra brigar, se sentou, ele sentou na bancada atrás da banheira.



Pedro: Eu não acho que pareça feno. - Disse prendendo o cabelo dela em um comprido rabo de cavalo. Karina sorriu de canto, relaxando com o banho. - Ka, o que você fez hoje?

Karina: Eu limpei. - Ela murmurou, sonolenta - Lavei, varri, fiz de tudo um pouco. Porque? - Ela virou o rosto pra ele


Pedro encarou ela por um tempo, depois soltou um grunhido baixinho. Pediu um minuto, e saiu. Ela não era louca de ter desobedecido. Não isso. Ele tentava se tranquilizar enquanto avançava pela escada. Quando chegou ao terceiro andar, o lugar tinha apenas a luz fraca que entrava pelas frestas da janela fechada. Ele avançou pela enorme sala, olhando pros lados. Nada ali parecia ter mudado desde a ultima vez em que ele estivera. Seu olhar se fixou em algo encostado na parede do fundo. Ele respirou fundo, já tranqüilo, enquanto voltava pro quarto. Karina ainda precisava dele.



Comentem Gattonas.


Creditos: Samilla Dias