quinta-feira, 10 de setembro de 2015

20

Cobra: Pensei que não viesse mais aqui. – Sorriu, ao entrar no chalé e vê-la lá.

Karina: Eu gosto daqui. – Sorriu de canto, olhando o lugar

Cobra: Você gostava do Seth. – Observou, sentando-se perto dela. Karina não respondeu. – Tenho medo de que não goste mais de mim também. – Admitiu, encarando-a.

Karina: É diferente. – Ela sorriu, acariciando o rosto dele – Eu ainda gosto do Seth, gosto muito, foi o melhor presente que eu já recebi. – Cobra sorriu de canto – E eu amo você. É mais que gostar. – Passou o dedo na ponta do nariz dele.

Era a primeira vez que um deles dois admitia esse amor assim, com todas as palavras. Os olhos de Cobra arderam de alivio. Karina ainda estava ali. Oculta por uma camada de gelo, mas ainda era ela. Ela se inclinou e, ainda com a mão no rosto dele, o beijou. Cobra não parecia tão frio agora. Foi como sempre: O beijo começa calmo, vai esquentando, e quanto a coisa vai fugindo de controle, os dois se afastam, aos risos.

Karina: Bobo. – Sussurrou com a testa colada a dele.

Cobra: Me diz. – Ele começou, olhando ela – O que está te amofinando aqui dentro? – Perguntou, tocando o cabelo dela, que continuava severamente preso.

Karina: Cobra, eu sei que não devia perguntar, mas é que eu preciso saber. – Ela hesitou, e Cobra esperou, paciente. – Quem foi Vicki?

Cobra levou Karina pra caminhar perto do chalé, enquanto procurava as palavras pra explicar.

Karina: E então? - Pressionou, olhando-o

Cobra: Bom, Ka. Como você já deve saber, Vicki foi uma namorada do Pedro, de adolescência. - Começou

Karina: Ele disse que tinha esperado por mim a vida toda. - Lembrou irônica

Cobra: E ele esperou. Toda uma vida. Mas por uma vez, uma única vez, ele desistiu de você. - Explicou - Nós andávamos em festas, bailes. Quando se é um Ramos as portas se abrem pra você. Isso subiu a cabeça de Pedro. Era um adolescente insuportável. O preferido do nosso pai é claro. Tinha noitadas, bebia, se drogava. Em uma dessas noites conheceu Vicki.

Karina ouvia atentamente, montando a cena em sua cabeça. Pedro jovem, mas ainda com a mesma prepotência, e Vicki, em sua feminilidade exagerada.

Cobra: Uma prostituta, Ka. - Karina cerrou a sobrancelha. Essa ela não esperava - Sim. Conheceu-a em um bordel. Pedro se apaixonou por ela. Era toda risos e cortesias. O problema é que havia você. Ele era seu, por anos. - Karina assentiu - Essa mansão virou um pandemônio. Pela primeira vez Pedro se virou contra o nosso pai. Fazia João de pombo-correio. Deu certo, até que João se rebelou e se negou a ir. Mais brigas, mais discursões, e o nosso pai proibiu Pedro de ver ela. Então, ele resolveu fugir. - Disse, relembrando - Pegou pouca roupa, o dinheiro que tinha, e foi embora. Levou-a. Só que a mãe dele descobriu no dia, papai não estava aqui. Delma ficou descontrolada. Pegou um cavalo e seguiu o rastro dele sozinha. Encontrou-o aos arredores de Port Angeles. Bom, dessa parte eu não sei direito, eu não estava lá. Eu e João fomos atrás dela assim que mandamos avisar ao nosso pai, mas era tarde, e ela havia sumido.

Karina hesitou. Ela vira no jornal, foi justamente em Port Angeles que estava noticiado a morte de Delma e Vicki.


Cobra: Quando eu e João os encontramos, não era tecnicamente nada. Era um precipício. Delma jazia morta na beirada do abismo. João verificou. Pedro estava desmaiado não muito longe. A carruagem onde ele e Vicki fugiram eram destroços lá embaixo.

Karina considerou a história. Pedro fugindo com Vicki, Delma atrás pra impedir. E de repente, só havia Pedro. Mas...como?

Cobra: Quando Pedro acordou, estava desnorteado. Perdera a mãe e a mulher em um único golpe. Demorou a se recuperar. E então, perdeu tudo. Ele era feliz, Ka. Tinha alegria, havia vida em seu rosto. Depois ficou assim, mais insuportável do que já era. Ele não se lembrava de muita coisa. Só que Delma chegou, queria que ele parasse, mas ele não o fez. E então ele apagou. Quando acordou, estava no hospital. Foram tempos difíceis, Ka. Ele se apaixonou por uma prostituta, enquanto você era dele. Papai não ia manchar seu nome desfazendo o trato pra que ele ficasse com Vicki. Eu mandei Jade pra longe, por mais que me doesse, assim que nós nos casamos. Ela é sensível, não lhe faria bem.

Karina: Obrigado por me contar. - Sorriu, abaixando a cabeça. Mesmo sendo doloroso, era melhor saber a verdade.

Cobra: Um dia, todo esse inferno vai passar, minha Ka. - Ele prometeu, abraçando ela pelo ombro - Haverá crianças correndo por essa mansão, e isso não será mais que um passado obscuro. - Karina sorriu com a ideia, e ele lhe beijou a testa.


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Creditos Samilla Dias

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