terça-feira, 30 de junho de 2015

12


Karina acordou com frio aquela manhã. Ela se embolou nos lençóis, ficando quase descoberta. O tempo estava, como sempre, nublado. Pedro não estava mais lá. Ela se levantou, tomou um bom banho quente, escovou os dentes, penteou os cabelos. Estava terminando o ultimo, quando ouviu duas batidinhas leves na porta.


Karina: Pode entrar, Rosa. - Disse sem dar atenção, sentada no banquinho da penteadeira, de costas pra porta, escovando os cabelos. A porta se abriu lentamente.


Cobra: Se não for a Rosa, pode entrar também? - Ele sorriu olhando ela, enquanto fechava a porta atrás de si.


Estou pensando em você
Hoje à noite em minha solidão insone ♫


Karina empedrou olhando o reflexo do espelho. Seu coração disparou gostosamente.

Karina: COBRA! - Gritou se levantando, derrubando o banquinho.


Karina correu e se atirou nos braços dele, que a agarrou. Ela se sentia inteira novamente, abraçada a aquela escultura de pedra. Ele também havia sentido falta dela. Mais do que devia ter sentido, ele sabia disso. Ergueu ela e rodopiou no ar. Era como se estivesse asfixiando enquanto estava fora, e o perfume leve dela lhe devolvesse o fôlego. Karina encheu o rosto dele de beijinhos. Estava fora de controle, de tão feliz. Quando ele a pôs no chão, o que fez não foi solta-la, e sim abraça-la mais forte. Palavras não eram necessárias ali.


Se é errado amar você
Então meu coração não vai deixar agir certo
Porque me afoguei em você
E não sobreviverei
Sem você do meu lado ♫


Karina: Me dê um bom motivo pra eu não matar você agora. - Rosnou um tempo depois. Cobra riu.


Cobra: Bom, eu tenho um presente. - Disse sorrindo pra ela, puxando sua mão, enlaçada com a dela, puxando-a pro corredor.


Karina: Isso é um tipo de tentativa de me comprar? - Ergueu a sobrancelha, mas apertou os dedos nos dele. Cobra riu.

Cobra: Não, esse foi o motivo por eu ter demorado. - Explicou, virando-se rapidamente e assustando ela. Ele a abraçou e ergueu-a do chão, descendo as escadas. Karina riu abraçada a ele.

Eu daria tudo de mim para ter
Só mais uma noite com você ♫


Karina: Posso saber que tipo de presente é? - Ela olhou pra ele, duvidosa. Cobra não era do tipo de Pedro, que dava joias extravagantes. Cobra tapou os olhos dela com as mãos frias.


Cobra: Sabe montar? - Perguntou, com um sorriso torto ao passar com ela pela porta. Ele soltou o rosto dela.


A inicio Karina cerrou os olhos. A claridade do dia lhe machucou um pouco. Depois se tocou do que era. Ao lado do garanhão preto de Cobra havia um cavalo, um cavalo branco, alvo. Enquanto o cavalo dele era negro como breu, o de Karina era o mais branco possível, chegava a machucar a visão. Ela deu dois passos a frente, ainda sem acreditar.


Eu arriscaria minha vida para ter
Seu corpo junto ao meu ♫


Karina: Que tipo de pessoa dá um cavalo de presente a outra? - Murmurou, descendo as escadarias, encantada com o presente.


Cobra: Eu sou um tipo diferente. - Sorriu olhando-a ir até o cavalo. Quando ela ergueu a mão, o cavalo abaixou um pouco a cabeça, recebendo o carinho. Ao ver o sorriso de Karina, Cobra percebeu que o tempo longe dela foi valeu a pena. - Quer dar uma volta?


Karina: Se você conseguir me alcançar, tudo bem. - Ela sorriu e pôs o pé em cima da sela do cavalo, montando, e disparando pelos jardins em seguida.


Karina se sentia viva. Seu cavalo parecia ter sido feito pra ela. Quando olhou pra trás, viu Cobra, aos risos, subir em seu cavalo e ir em sua direção. Em pouco tempo ele a alcançou, e os dois estavam completos novamente. Porque era ali que queriam estar, mesmo que tudo gritasse que não. Karina e Cobra cavalgaram pelo que pareceram horas. Só pararam quando a chuva os interrompeu. Cobra alertou-a, mas Karina continuou, rindo. Apenas quando seu vestido se tornou pesado demais de agua pra continuar, eles pararam em baixo de uma arvore imensa, ambos pingando agua. O cabelo de Cobra, que sempre era alfinetado pra todos os lados, agora estava bagunçado e pingando agua.


Cobra: Eu avisei. - Disse ao ver Karina batendo os dentes de frio. Ela riu. - Tome. - Ele tirou o terno


Karina: N-n-ão está muito menos molhado que o vestido. - Disse e riu da cara que Cobra fez, erguendo o terno molhado e encarando


Cobra: Nada que não se possa resolver. - Ele torceu o terno, que despejou agua pelo chão


Karina: Não vai servir mais. - Reclamou. O terno, quando secasse, estaria semelhante a um pano de chão.


Cobra: Pro diabo com o terno, tome. - Ele passou o terno quase húmido pelo ombro dela, que se abraçou.


Karina: V-v-você vai f-f-ficar d-d-doente. - Resmungou, tentando devolver a roupa


Cobra: Acredite, eu não vou. - Ele sorriu, radiante. - Vamos embora. - Ele disse, olhando a chuva


Karina: Assim? S-s-s-onhe. - Ela riu, sarcástica.


Cobra: Vai piorar. E muito. - Disse, olhando o céu. - É melhor que estejamos em casa a essa altura. - Ele puxou ela pela mão, lançando-os na chuva de novo.


Karina se surpreendeu quando Cobra a puxou pela cintura, a ergueu e pôs em cima de seu cavalo, sentada de lado. A chuva parecia ser derrubada por baldes. Ele montou atrás dela, fez um gesto com a boca e chamou o cavalo dela, disparando em seguida. O cavalo, como se entendesse, acompanhou Jake.
Em movimento era muito pior. O vento parecia que ia congelar a espinha. Cobra riu quando Karina escondeu o rosto em seu pescoço, frio como sempre. Ela se perguntava como ele ainda estava vivo, perante a temperatura de seu corpo. A chuva agressiva que caia não permitiu aos dois ver, mas havia alguém olhando a cena da janela do segundo andar. E esse alguém não parecia nada satisfeito.

João: Bianca. - Bianca o encarou - A Karina te fala alguma coisa sobre o Cobra? - Perguntou, olhando enquanto Cobra descia do cavalo e puxava Karina. Os dois subiram as escadarias aos risos, e sumiram pela porta.

Bianca: Ela me conta que ele é amigo dela. E que ajuda ela com o Pedro. - Disse, tentando se lembrar de alguma coisa - Porque? - Ela abraçou o marido por trás, acariciando a barriga dele 


João: Nada demais. - Ele pôs a mão por cima dela - Só tenho um mal pressentimento em relação a isso. Besteira. - Disse enquanto um empregado aparecia na chuva e levava o cavalo de Cobra pro celeiro. - Huum, mas me diga, como estamos hoje? - Ele se virou pra ela, se agachando na altura de sua barriga, dando-lhe um beijo ali.


Bianca: Estamos bem, muito bem. - Sorriu, acariciando o cabelo dele. João falava com o filho, mesmo que ele praticamente não existisse. Bianca se sentia plena, feliz. João era tudo de melhor que ela podia esperar, e um pouco mais.

O mesmo Karina não podia dizer do marido. Ela se despediu brevemente de Cobra, e foi pro quarto, ensopada. Tirou o vestido, tomou um banho, se secou. Quando a chuva deu uma trégua, ela foi ao celeiro, queria ver seu cavalo. Não foi difícil encontra-lo. Era mais alvo do que qualquer coisa ao alcance da vista. Ela foi até ele, que pareceu feliz pela dona estar ali. Ela tirou ele da cela, levando-o pra um lugar um pouco mais aberto, debaixo de uma arvore. Pegou uma escova e um pano no celeiro e levou, junto com um banco.

-

Karina: Eu ainda não sei que nome te dar. - Ela disse ao cavalo, pensativa, enquanto escovava a crina do animal. Alguém havia tirado a lama das patas alvinhas do cavalo e secado, tanto ele, quanto o de Cobra - Hum... Seth? - O cavalo a olhou, como se gostasse - Pronto, Seth. - Sorriu, radiante, acariciando-o. Seth estava dócil aos carinhos da dona, se exibia pra ela quando ela o elogiava. Mas de repente, viu algo que o fez relinchar e trotar pra trás.

Pedro: Seu cavalo é um covarde. - Acusou, se aproximando da mulher. Karina se assustou.

Karina: Calma, Seth. - Ela acariciou o cavalo, acalmando-o. Pareceu funcionar. Mas o cavalo ainda encarava Pedro com um olhar hostil - Não há problema nenhum com ele. - Resmungou pra Pedro, enquanto voltava a escovar o animal.


Pedro: Não me lembro de ter comprado esse. - Disse, avaliando o cavalo. Seth pareceu incomodado.


Karina: Cobra me deu de presente, hoje. - Disse sem dar atenção. Karina estava de costas, por isso não viu o brilho raivoso que atingiu o olhar de Pedro enquanto ele avançava pra ela.

Pedro: Vai devolve-lo. - Ordenou, puxando o braço de Karina que o encarou, surpresa - Vai devolver hoje. Existem dezenas de cavalos nessa fazenda, centenas até, escolha um a seu gosto e ele será seu. Mas vai devolver esse.

Seth se ergueu nas patas da frente, relinchando alto. Pedro partiu pro cavalo, raivoso, mas Karina se pôs no meio.


Karina: Não vou devolver, não. - Disse, obstinada - Seth, calma. - Ela passou a mão na crina do cavalo


Pedro: É minha mulher, Karina. Me deve obediência. - Lembrou, frio.


Karina: E eu vou obedecer. - Disse, erguendo o queixo, digna. Pedro sorriu, debochado - Mas eu não vou devolver.


Pedro: Ah, vai me obedecer então. - Sorriu, puxando ela pelo braço pra si pela cintura. Karina arregalou os olhos, surpresa. - E se eu disser que eu quero te possuir aqui, nessa grama, agora. Você vai me obedecer? - Sorriu, duro.


Karina sentiu um choque levar seu corpo. Pedro viu, deleitado, esse choque passar pelo azul dos olhos dela enquanto ele fingia abrir o colete que usava, ainda mantendo-a colada a seu corpo.


Karina: Quê? - Grasnou, assustada. Não conseguiu evitar que seus olhos caíssem pra grama, verde e fofa. Pedro viu isso, e sorriu por dentro.


Pedro: Você disse que me obedeceria. Então, essa é a minha vontade. - Ele disse após terminar de abrir o colete, sorrindo malévolo, carregando ela e levando mais pra perto da arvore, pra longe do cavalo.


Karina: Pedro, pare com isso! - Ela disse, assustada, quando ele a deitou na grama, ficando de frente e tirando o colete. Pedro estava adorando aquilo. Amava tortura-la.


Pedro: Sabe, isso sempre foi uma fantasia minha. - Ele disse, abrindo um sorriso enquanto ia pra cima dela, que recuou, ruborizada - Está corando, Karina? - Perguntou segurando o rosto dela, olhando fascinado o que havia feito.


Karina: Pervertido! - Ela empurrou ele, recuando mais. Deu de costas com a arvore, batendo a cabeça no tronco da mesma. Pedro se estourou de rir, sentando no chão. Karina era tão absurda.

Ela aproveitou a distração dele e se levantou, disparando pra perto do cavalo. Sentia o sangue em seu rosto enquanto ignorava o riso dele.

Pedro: Hey, volte aqui. - Chamou, debochado - Eu nem comecei ainda, qual o seu problema? - Ele riu de novo


Karina: Escuta aqui, você para com isso, ou eu vou rachar a sua cabeça no meio. - Ameaçou apontando a enorme escova do cavalo pra ele.


Pedro: E eu estou tremendo de medo de você, Karina. - Ele sorriu, debochado - Acredite, se eu quisesse te ter aqui, você seria minha aqui. - Ele tocou na grama do seu lado.


Isso irritou Karina profundamente. Quem ele achava que era? Ou melhor, quem ele achava que ela era?


Karina: Eu tenho pena de você, Pedro. - Disse, amarga


Pedro: Ah, pena. - Ele disse, se apoiando nas mãos. Karina não queria admitir mas ele estava lindo, sem o terno ou o colete, apenas com aquela camisa branca, sentado na grama. - Não vejo porque. - Ele fingiu estar pensando - Bom, eu sou rico, respeitado. Minha esposa arranca suspiros por onde passa. - Ele varreu o corpo dela com o olhar, Karina ruborizou barbaramente ao perceber isso - Sou saudável. Tenho tudo o que o dinheiro pode comprar, do bom e do melhor. - Ele se avaliou, duro.


Karina: Não tem amor. - Ela viu o sorriso dele morrer - É, Pedro. Amor não pode ser comprado com dinheiro, ou com joias bonitas. Tenho pena porque você nunca sentiu amor, ou amizade. E isso, eu te garanto, dinheiro nenhum pode comprar. - Ela concluiu, fria - Esse é o seu problema, falta de amor. Eu tentei amar você, mas você faz disso uma tarefa impossível. Você nunca sentiu, você não sabe o que é. - Ela sorriu, dura.

Pedro: Você não sabe o que diz. - Murmurou por entre os dentes, encarando-a. Karina parecia ter passado pela armadura dele.

Karina: Pense nisso, Pedro. Amor. - Ela disse enquanto jogava a escova em cima do banquinho - E fique longe do meu cavalo. - Avisou antes de sair, com o máximo de dignidade que tinha, levando Seth. Pedro a encarou se afastar. Sua expressão era séria, dura, mas o verde dos seus olhos estava inundado por uma dor que a muito tempo ele não sentia.



Comentem Gattonas.


Creditos: Samilla Dias


3 comentários:

  1. Muito bom muito bom prefeito parabéns!!!

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  2. Continuaaaa
    A
    E a K cara muito foda ela consegui cara noss ela tirou a posse dele a posse q ele tinha de fodastico cara eu já era mas agora to mas fã do q nunca <3 <3

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