segunda-feira, 8 de junho de 2015

7

Logos todos se recolheram. Karina e Pedro foram dormir sem falar um com o outro. De madrugada caiu uma tempestade, com raios, trovões, e muito vento. Karina acordou assustada com um raio. Ao erguer a cabeça, viu que mais uma vez estava abraçada a Pedro, que dormia. O quarto era iluminado por dois abajures, um de cada lado da cama. Ela colocou um cotovelo na cama, se apoiando no braço, pra encarar o marido. Parecia tão humano quando dormia. Era surreal. Um bom tempo depois, involuntariamente, passou a costa das mãos pelo rosto dele. Era macio, agradável. Um sentimento que ela vinha refreando a muito tempo lhe açoitou dentro do peito. Como podia ter se apaixonado por aquele homem? As lágrimas desceram por seu rosto, descontroladas, enquanto ela acariciava o rosto dele.

Loose lips sunk ships
I'm getting to grips with what you said
No it's not in my head
I can't awaken the dead day after day ♫


Pedro: Porque você está chorando? - Perguntou, ainda de olhos fechados, a voz rouca pelo sono, alguns minutos depois. Karina já chorava descontroladamente, porém, em silêncio.

Karina: Não é nada. - Ela se afastou dele, mas sua voz embargada era uma ótima delatora. Ela sentou na cama, e ia rapidamente levantando, quando sentiu a mão forte dele.

Pedro: Ninguém tem uma crise de choro no meio da noite por nada. - Ele continuou segurando-a, firme, sentado na cama. Karina soluçou no choro. - Me diga, o que houve?

Why don't we talk about it?
Why do you always doubt that there can be a better way?
It doesn't make me wanna stay ♫

Karina: Pedro, porque você me trata assim? O que eu fiz pra você? - Ela virou o rosto lavado de lágrimas pra ele.

Pedro: Eu te trato do meu jeito. Eu sou assim. - Ele respondeu frio.

Karina: Não é. - A voz dela falhou, enquanto mais lágrimas desciam - Você não é assim. Essa é só a mascara que você usa pra todo mundo. - Ela passou a mão no rosto de Pedro, mas o rosto dele não era mais macio. Era duro, e frio. - Mas, Cristo, eu sou sua mulher. Você não precisa ser assim, pelo menos não comigo.

Why don't we break up?
There's nothing left to say
I've got my eyes shut
Praying they won't stray ♫


Pedro: Era por isso que você estava chorando? - Ele perguntou, duro, afastando a mão dela.

Karina: Tava chorando porque quero que o meu casamento dê certo. - Ela disse, agora contendo as lágrimas. Não queria parecer uma menina imatura - Pedro, vamos tentar. Veja Cobra, o amor dele por Jade é tão grande que sobrevive a distância. - Pedro a encarava, a maxilar trancada - João e Bianca se dão absurdamente bem. Nós podemos ser assim também. Eu sei que tem alguém aqui dentro, - Ela tocou o peito dele, Pedro se rosetou - E esse alguém é capaz de me fazer feliz, nunca de me tratar como uma estranha.

Pedro: O que você quer que eu faça? Que eu cerque você, fique te olhando com os olhos brilhando como se estivesse doente, 24 horas por dia, tal como João? - Ele perguntou debochado. Karina se levantou e ia rumando ao banheiro, totalmente deprimida, quando a voz dele lhe alcançou de novo - Ou prefere que eu te mande pra França, pra poder dizer que eu sou capaz de superar a distância? - Ele sorriu malévolo.

And we're not sexed up
That's what makes the difference today
I hope you blow away ♫


Karina: Eu só quero poder dizer que te amo, sem me sentir uma idiota por fazer isso. - Ela disse com a voz cansada, se virando pra ele.

Por um momento, a máscara de Pedro caiu. Ele parecia não saber o que dizer. Um fio de esperança brotou no coração de Karina. Talvez estivesse dando certo.

Pedro: Você está se sentindo uma idiota, agora? - Ele perguntou, ainda sem aquela expressão fria, se levantando e indo até ela. Karina recuou involuntariamente, a camisola branca ralando no chão.

You say we're fatally flawed
Well I'm easily bored, is that ok?
Write me off your list
Make this the last kiss, I'll walk away ♫


Pedro: Responde, petit. - Ele pressionou, encarando ela

Karina: Eu tô me sentindo uma completa idiota, Pedro, feliz? - Ela o encarou. Já não chorava. - Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela se aproximou dele, e hesitante, puseram as duas mãos no peito dele.

O coração de Karina estava em altos pulos, parecia que ia sair do peito. Pedro a encarava, inexpressivo, perdido. Seu coração também não estava como devia estar.

Vicki: Você realmente se importa com o que eles dizem? - Ela riu abertamente, aquele riso que fazia qualquer homem se perder - Pois eu só me importo que tu pensas. Pode ser diferente, vamos tentar. - Ela enlaçou as mãos no pescoço dele.

Pedro começou a rir, frio. Karina sentiu o pulmão trancar, o estomago apertando dolorosamente.

Karina: Do-do que você tá rindo? - Ela perguntou trêmula, soltando ele.

Why don't we talk about it?
I'm only here don't shout it
Given time we'll forget
Let's pretend we never met ♫


Mas Pedro continuou a rir. 
Era claro, ele estava rindo dela. Ela sentiu os olhos encherem de agua.

Karina: Não sei por que eu ainda tento. - Sussurrou, voltando a andar rapidamente pro banheiro.

Mas antes que ela alcançasse a porta, Pedro estava parado lá. Ele agarrou ela pelos braços, machucando-a, e a beijou. Era um beijo opressivo, Karina se debatia contra ele, mas ele era infinitamente mais forte. Ela se condenava por no fundo ser ali que ela queria estar, nos braços dele. Duas grossas lágrimas cairam rapidamente pelo seu rosto, enquanto ela sentia os lábios serem comprimidos furiosamente pelos dele.

Karina: Não, para! - Ela empurrou ele com mais força ao sentir os beijos descerem pelo pescoço dela, e as mãos dele descerem de seus braços pro quadril, comprimindo-a contra a cintura dele. - Pedro, eu não tô brincando, pra!

Pedro: Você não vai fazer isso ser tão difícil quanto da ultima vez, vai? - Ele encarou ela por um momento. Karina perdeu o fio da fala ao encontrar o olhar dele, o verde estava inflamado, quente. - Isso, quieta. - Ele sorriu, malévolo, enquanto puxava as alças da camisola dela pro lado. Quando os ombros dela ficaram descobertos, ele passou os lábios entreabertos por ali, sentindo Karina se arrepiar.

Karina: Eu vou gritar. - Rosnou, agora com raiva, voltando a empurrá-lo. Quem Pedro pensava que era?

Why don't we break up?
There's nothing left to say
I've got my eyes shut
Praying they won't stray


Pedro: Você acha realmente que alguém vai vir aqui? - Ele sorriu, enquanto suas mãos abriam o fecho da frente da camisola de Karina.

Karina: Cobra virá. - Ela disse, surpresa com a certeza que tinha disso. Pedro congelou por um momento, e ela parou de bater nele. Pedro ergueu os olhos pra ela, e ela o encarou por um momento.

And we're not sexed up
That's what makes the difference today
I hope you blow away ♫


Pedro afrouxou o aperto dos braços de Karina, ainda encarando-a. 
O olhar dele mostrava que ele a desejava. Como se tivessem combinado, Pedro avançou pra Karina e dessa vez ela correspondeu ao beijo. Enlaçou os braços no pescoço dele, enlaçando as mãos no cabelo curto do marido. Ambos ofegavam durante o beijo. Pedro puxou Karina pra cima, e ela enlaçou as pernas na cintura dele. Ainda aos beijos ele caminhou rapidamente com ela no colo, depositando-a de costas na cama, e deitando por cima dela. Seria muito melhor agora que ela tava cooperando. Pedro precisava dela, e não sabia porque.

Screw you, I didn't like your taste
Anyway, I chose you and that's all gone to waste
It's Saturday, I'll go out
And find another you ♫


Minutos se passaram. 
A chuva inundava tudo lá fora, mas a temperatura dentro do quarto era mais alta possivel. Karina e Pedro não pararam com os beijos nem por um minuto. Agora, Pedro tinha uma mão acariciando firmemente o seio esquerdo de Karina, por baixo da camisola. Ele estava deitado entre as pernas dela, e ela tinha uma das pernas dobradas, de modo que a pele descoberta dela alisava a cintura dele a cada movimento. Ele soltou a boca dela, terminando de abrir a parte da frente da camisola. Logo Karina ofegou, sentindo a mão dele ser substituída por sua boca. Pedro era bruto, mas Karina descobriu que gostava assim. Ela tinha as mãos dentro da camisa dele, arranhando-o de leve. Pedro passou a mão em sua cintura e fez pressão no quadril dela, fazendo-a sentir sua potente excitação. Sorriu ao ouvir o gemido surpreso dela. Os dois estavam completamente entregues, quando uma batida na porta os alertou.

João: Pedro. - Chamou, batendo na porta. Karina e Pedro pararam. Pedro xingou baixinho

Pedro: O que foi? - Perguntou, sem paciência

João: Um raio derrubou uma arvore no portão.

Pedro: Pro diabo com o portão, o que eu tenho a ver com isso? - Karina riu, sem se conter, da irritação do marido.

João: Você tem a ver com isso que o porteiro estava lá, e parece que ele se machucou. - Disse, impaciente

Pedro: Amanhã eu resolvo isso. - Disse de má vontade. Ele passou a mão pela nuca de Karina e a beijou de novo. Ela só sabia sorrir.

João: Francamente, eu também estava ocupado, se é que você entende. - Pedro parou o beijo, suspirando. Karina riu, pensando em como Bianca estaria agora. - Se isso pudesse ser resolvido amanhã, eu não estaria aqui. - Ele deu um murro na porta - VAMOS LOGO, PEDRO! - Rugiu, irritado.

Pedro: Inferno, João, porque não chamou Cobra?! - Grunhiu enquanto vestia o roupão. Karina agora estava completamente constrangida, fechando a camisola. - Sua boca está da cor de sangue. - Avisou, divertido. Karina ruborizou e se sentou na cama, de cabeça baixa. Viu o marido calçar os pés e abrir a porta, sumindo pelo corredor acompanhado por João.

Karina pôs uma mão na testa, cansada. Parecia que nem a natureza queria que seu casamento desse certo. Estava afogada em sua tristeza, quando ouviu uma batidinha na porta.

Cobra: Como você também foi acordada pela belezinha do João, eu estou indo tomar um chocolate quente na cozinha, aceita? - Sorriu da porta pra ela

Karina: Ahn? - Ela estava débil de novo. Ver Cobra de madrugada era algo que desestabilizava qualquer uma. - Ah, claro, quero sim. - Sorriu, se levantando.

Karina vestiu seu hobbie por cima da camisola, e alisou os braços.

Cobra: Não se assuste, isso acontece com frequência. - Sorriu pra ela. Ele vestia um roupão de veludo preto.

Karina: Não é nada, só o frio. - Sorriu de volta. Cobra era como um anestésico pra dor que ela sentia.

Quando ela passou por ele, ele lhe abraçou pelo ombro, e os dois rumaram pra cozinha. A pele dele continuava fria. Cobra tinha um perfume diferente, Karina não sabia descrever. Simplesmente o abraçou pela cintura, e continuou andando. 


...





Créditos: AnnaBeth e Samila

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