quarta-feira, 12 de agosto de 2015

17


Mais dias foram passando. Mesmo com Cobra de volta, a vida de Karina era meio tediosa. Ela matava o tempo no chalé, andando com Seth, ensinando Tomtom, mas não era o suficiente.

Cobra: Qual o seu problema? - Perguntou ao vê-la rodando pela sala

Karina: Nada. - Disse, sem dar atenção

Cobra: Nada, Karina Duarte? - Perguntou, desconfiado

Karina: É, nada, Ricardo Ramos. - Cobra riu

Cobra:
Cobreloa.

Karina: Perdão? - Franziu a sobrancelha

Cobra: Ricardo Cobreloa Ramos. - Karina ergueu a sobrancelha - João Spineli Ramos. Só Pedro e Antônia são Torres Ramos . - Explicou simplesmente.

Karina: Ok, entendi. - Ela assentiu - Tédio!  - Ela se sentou, torcendo as mãos

Cobra: Tem algo que eu possa fazer pra ajudar? - Perguntou, observando-a

Karina: Na verdade, tem. - Cobra esperou - Eu não posso sair da fazenda, você sabe. - Cobra ia protestar, mas ela não deixou - Não vamos criar problemas. Cobra, vá a minha casa. Eu não trouxe nada meu pra cá, você podia pegar algumas coisas pra mim. - Pediu, com os olhinhos brilhando

Cobra: Eu vou. - Disse, sorrindo da expectativa dela

Karina: Sério? - Cobra assentiu - Eu vou fazer uma listinha, você vai procurar pela Helena. Ela vai saber o que é. Diga a ela que sinto saudades. - Sorriu - Obrigada! - Ela se atirou no pescoço dele, em um abraço de agradecimento.

Karina estava deslumbrada. Cobra realmente era um anjo, enviado pra clarear a escuridão em que ela vivia. Karina deu uma lista breve a Cobra, e ele partiu a cavalo. Ao chegar na mansão dos Duarte, procurou por Rosa. A mulher o atendeu, feliz da vida por finalmente ter noticias de Karina. Colocou as coisas que Karina pedira em um pacote enorme, que Cobra prendeu em Jake pra poder voltar. Karina esperava ansiosa em casa.

Cobra: Tem chumbo aqui dentro? - Perguntou entrando na sala, trazendo o enorme pacote nas mãos

Karina: Cobra! - Deu um gritinho de alegria, indo ajuda-lo

Os dois colocaram o pacote em cima do sofá, e ela o abraçou. O negócio foi tão intenso, que os dois avançaram pra um beijo. Os lábios estavam quase se tocando, quando os dois afastaram os rostos, com duas caretas. Quase.

Karina: Não. - Balançou a cabeça negativamente

Cobra: Definitivamente não. - Assentiu, sorrindo. Ele deu um beijo na testa dela, que voltou ao seu pacote, radiante.

O pacote continha livros, bordados inacabados, vestidos que Karina gostava, entre outras coisas. Ela desarrumou suas coisas, feliz da vida. Cobra fora trabalhar. Estava lendo um livro na sala, no fim da tarde, quando Cobra, Pedro e João entraram em casa, discutindo alto. Pela primeira vez Cobra parecia fazer juz aos irmãos. Estava alterado, e discutia o assunto com a maior agilidade.

Pedro: ...Um incompetente! - Rosnou - Agora em quem a responsabilidade cai? - Perguntou metaforicamente, enquanto avançava pela sala.

Cobra: O prejuízo é muito grande. - Observou, a irritação em sua voz era evidente - Sem contar nos problemas que isso vai dar.

João: De um modo ou de outro, os fornecedores estão esperando, cada um em seu ponto. Se extraviou uma remessa, porém, é preciso repor.

Cobra: REPOR? - Gritou, aparentemente tirando as palavras da boca de Pedro - Não há tempo!... - E o som da voz de Cobra foi abafada pela porta do escritório que foi fechada.

É, tínhamos um problema.

Bianca: Ka, o que foi isso? - Perguntou descendo as escadas. Karina deu de ombros.

Bianca e Karina se encararam por um instante, depois ambas avançaram, silenciosa e rapidamente até a porta do escritório, encostando o ouvido na madeira.

Cobra: Quais os portos? - Perguntou, impaciente

João: Madrid, Mônaco e Roma. - Respondeu, consultando os papéis

Cobra: Cada um vai pra um ponto, acalmar as coisas enquanto não conseguimos mandar outra remessa. Considerariam um desaforo se alguém fosse, além de nós. - João assentiu - Então, fica assim: Eu vou a Madrid, você a Mônaco, Pedro a Roma.

Mas Pedro não estava prestando atenção. Estava olhando, com uma sobrancelha levantada e uma expressão divertida pra porta onde Karina e Bianca ouviam. Ele avançou pra porta. Pouco antes de abri-la, Bianca puxou Karina, que voltou as pressas pro sofá, e fingiu estar terminando de descer as escadas. Pedro encarou Karina, que sorria, vitoriosa.

Então era isso. Três cargas a serem entregues se extraviaram. (Os Ramos exportam papel e café.) Ambos os três viajaram no dia seguinte, as pressas, pra tentar manter a ordem. Bianca foi pra casa do pai com Théo, mas Karina ficou pra cuidar de Tomtom, que estava gripada. Agora Tomtom dormia, e Karina estava guardando os vestidos que Cobra trouxera, quando puxou um que tinha um livro dentro, ambos embolorados. Deixou esses separados. Quando terminou, ficou pensando onde jogar aquilo. A primeira coisa que veio em sua cabeça foi o sótão. Era pra lá que iam as coisas empoeiradas, emboloradas. Considerou a idéia. Ela iria rápido, deixaria a caixa com o vestido e o livro lá, e voltaria. Pedro nem notaria. Ela pegou a caixa entre as mãos, e avançou pela primeira vez pela escada pro terceiro andar.

Estava tudo escuro. Só havia a luz do dia, que entrava pelas frestas das janelas fechadas. Mas Karina não estava preocupada com isso. Conseguia ver muito bem. E a primeira coisa que viu foi o quadro de uma mulher, de tamanho real, vestida em um vestido vermelho . Do lado desse quadro havia outro, só de busto. Karina esperara tudo, menos isso. Ela largou a caixa no chão e avançou pelo cômodo. Parou em frente ao quadro de corpo todo. A mulher era clara, os cabelos eram lisos, de um castanho médio, caindo até o ombro. Seus olhos eram pretos. Tinha um sorriso de Lindo. Era linda, Karina pensou sozinha. Ao seu lado, o rosto da mulher encarava ela, com um sorriso no olhar.

Karina: Deus do Céu. - Murmurou, avançando pelo enorme cômodo. As paredes eram cobertas de fotos da mulher. Havia um manequim num canto, com um vestido vermelho vivo.

Karina foi até uma das diversas prateleiras que havia ali, se sentindo dentro de uma ópera de terror. Haviam arquivos e mais arquivos. Ela puxou um, delicadamente. Era uma carta, antiga. Ela desdobrou com cuidado. Reconheceu a letra de Pedro no papel desgastado.

Vicki,

Minha mãe tem criado problemas. Aliás, aqui tem sido problemas de manhã até a noite. Hoje a noiva de Cobra veio até aqui. Eles só vão se casar daqui a dois anos, porém, Cobra insistiu em vê-la, queria conhecer. Sinto sua falta. Penso em você a todo momento. Vou dar um jeito de escapar, e irei até você.
Eu te Amo.

Pedro.

Karina olhava a carta como se aquilo lhe causasse nojo. Dobrou-a de novo, com menos cuidado do que quando desdobrou, e pôs no lugar. Pegou outra. Dessa vez a caligrafia era feminina.

Pedro,

Está cada vez mais difícil escrever a você! João é um inútil, está começando a criar caso. Ele é a favor da Karina. Você precisa resolver isso, rápido. Eu estou cansada de ficar escondida. I miss U.
Da sempre sua,

Vicki.

Karina ficou com aquilo na cabeça durante todo o dia. Cuidou de Tomtom com a cabeça distante. A noite, estranhou aquela cama enorme. Nunca dormira ali sem Pedro ressonando ao seu lado. Tampouco dormiu muito. Passou a maior parte da noite olhando a chuva bater na janela. De manhã, acordou com os gritinhos de Tomtom, vindos do lado de fora. Se levantou de supetão, indo até a janela. Tomtom corria atrás de Seth pelo jardim da mansão.

Karina: TOMTOM! - A menina não ouviu - Vai piorar. - Murmurou pra si mesma, pegando o hobbie.

Karina estava com uma camisola de seda longa, branca, e o hobbie era igual. Sabia que era errado sair assim, mas Tomtom ia piorar se continuasse no frio.

Karina: Ei, ei, ei! - Segurou a menina, que ia em disparada atrás do cavalo, que galopava na sua frente

Tomtom: Mas, Selly... - Começou a questionar

Karina: Sem "mas". Você tá doente, devia estar no seu quarto. Vai piorar, Tomtom. - Tomtom mordeu o lábio, como se pedisse desculpas. As duas começaram a caminhar até onde Seth tava.

Karina: Tomtom, você conheceu alguém chamado Vicki? - Perguntou, tentando passar despercebida

Tomtom: Conhecer não, mas esse nome me é familiar. - Ela tentou se lembrar, sem sucesso - Você conhece?

Karina: Eu não, mas o Pedro parece conhecer. - Disse, amargurada - Eu fui levar um vestido mofado pro sótão, e tem... tem uma foto dela lá. - Resumiu

Mas antes que Tomtom pudesse responder, Seth relinchou, ficando em pé nas duas patas traseiras. Do nada, uma voz surgiu, fria e cortante.

Pedro: Então você resolveu me desobedecer. - Disse, aparecendo na lateral de Karina e Tomtom. Karina empalideceu. Que diabo, ele não tava viajando?

Karina: A-Pedro. - Murmurou, recuando

Pedro: Não corra. - Advertiu, furioso.

Karina e Tomtom agiram juntas. As duas se viraram e dispararam correndo pra mansão. Ao chegar na escadaria, Karina pegou Tomtom pela cintura, erguendo-a do chão, e desatou a subir. Ao entrarem em casa, Karina olhou pra trás, e Pedro não estava mais lá. Seu peito doia de medo, de terror. Subiu correndo com Tomtom, e entrou em seu quarto, fechando a porta e se escorando nela. Só o que houve foi o silêncio.

Tomtom: O que foi? - Perguntou, ofegando.

Pedro: Eu disse que não adiantaria correr. - Advertiu, frio, encostado calmamente no guarda-roupas, como se estivesse lá o tempo todo.

Karina gritou de susto. Em seguida, puxou Tomtom e pôs pra fora do quarto.

Karina: Se tranque no seu quarto e só abra a porta pra mim. - Disse rapidamente, e fechou a porta do quarto, se virando pra Pedro. Ele estava transformado. Respirava como um touro irritado, seus olhos eram ódio puro, e Karina sabia que não podia fugir.

Pedro: Eu avisei a você, Karina. Faça tudo, menos ir até lá. PORQUE ME DESOBEDECEU? - Gritou, avançando pra ela, que recuou pra perto da cama

Karina: E-eu só fui levar... - Interrompida

Pedro: ESPEROU QUE EU VIAJASSE PRA IR ATÉ LÁ! - Disse, agora próximo dela

Karina: Tudo isso era pra eu não ver a sua namorada, Pedro? - Perguntou, se jogando a morte. - Teve um lado positivo, agora eu sei porque você me odeia.

Pedro: Eu não matei a minha mãe. - Começou, transtornado - Eu amava a Vicki. - Ele disse, e o tom em sua voz não era de amor, chegava a ser adoração.

Karina: ENTÃO VÁ E FIQUE COM O CADAVER DELA! ME DEIXE EM PAZ! - Gritou, tomada pelo ciúme.


E então um golpe furioso lhe atingiu o rosto, e ela caiu no chão. Sentiu o gosto do sangue na boca. Mas antes que pudesse reagir, algo lhe atingiu as costas. Uma fivela, um cinto talvez. Parecia estar cortando sua pele em tiras. Ela ouvia o grunhido de Pedro a cada golpe que recebia. Tinha experiência, gritar não adiantava nada. Então se entregou a dor, sem se queixar, apenas protegendo o rosto com os braços enquanto rezava pra o ódio de Pedro parar. Após algum tempo, começou a rezar pra que a morte chegasse logo. As lágrimas queimavam seus olhos, até que tudo escureceu, e não houve mais nada. Em meio a sua dor, Karina pensou ter ouvido a voz furiosa de Pedro, bem ao longe, dizer: "Você não queria, pois então, ficará aqui." E seu rosto se bateu no chão com força. Não sabia se era só o rosto, o resto de seu corpo já estava tomado pela dor, ela não podia distinguir. Perdeu a noção do tempo. Só sabia que estava deitada num chão frio, de barriga pra baixo, e que tinha dor. Dor demais. Quando conseguiu abrir os olhos, foi o retrato de Vicki, com o sorriso triunfal que viu. Ela não conseguia se levantar. Não conseguia gritar. As lágrimas desciam por seu rosto silenciosamente. Tinha sede, tinha fome, e tinha dor, acima de tudo dor. Ficou ali, imóvel, olhando o rosto de Vicki, enquanto mais lágrimas queimavam seu rosto.



Comentem Gattonas.


Creditos: Samillas Dias

4 comentários:

  1. porfavor nao faca o pedro tal mal a sim facaele ir pra la e ficar com akarina e eles se entenderem

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  2. E com os erros que se aprende . E ele vai se arrepender e muito

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  3. E com os erros que se aprende . E ele vai se arrepender e muito

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  4. Covarde só isso que eu vou falar e outra ele merece todos os chefes que ele tem corno e covarde u.u

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